
A Polícia Federal afirmou que o atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, seria o responsável por um núcleo criminoso que atuou para atrapalhar as investigações sobre o uso ilegal do órgão. Segundo relatório da corporação, que teve sigilo derrubado nesta quarta-feira (18/6), Corrêa contou com o apoio da cúpula da instituição, inclusive, para tentar obstruir o trabalho da corregedoria da agência.
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Entre os citados no núcleo, estão Luiz Carlos Nóbrega, chefe de gabinete de Corrêa, e José Fernando Chuy, corregedor-geral do órgão, aparecem no documento da PF. Além deles, constam o ex-diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, e Paulo Maurício Fortunato, ex-secretário de Planejamento da instituição. Assim como Corrêa, eles foram indiciados pela PF.
“Identificado em fase posterior da investigação, composto por membros da atual gestão da ABIN, LUIZ FERNANDO CORREA (Diretor-Geral), ALESSANDRO MORETTI (ex-Diretor-Adjunto), PAULO MAURÍCIO FORTUNATO PINTO (ex-Secretário de Planejamento e Gestão), LUIZ CARLOS NOBREGA NELSON (Chefe de Gabinete) e JOSÉ FERNANDO MORAES CHUY (atual Corregedor-Geral)”, diz trecho do relatório da PF.
“Este núcleo atuou para dificultar as investigações sobre a organização criminosa da gestão anterior, por meio de estratégias conjuntas com investigados, recalcitrância na entrega de provas, ações para assediar e desacreditar a ex-Corregedora, omissão sobre operações ilegais e potencial manipulação de informações e procedimentos internos”, aponta a PF.
A corporação concluiu, nesta segunda-feira (17/6), o inquérito que investiga se a Abin foi usada de forma ilegal pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Conforme a PF, Alexandre Ramagem seria o principal responsável por organizar o monitoramento ilegal. O ex-presidente Jair Bolsonaro teria conhecimento da estrutura paralela e se beneficiar diretamente dela, além de ter se omitido diante da situação. Carlos Bolsonaro seria o responsável por gerir o gabinete do ódio. A cúpula da Abin é suspeita de tentar obstruir as investigações.
A PF investigou o funcionamento de uma organização criminosa montada para monitorar indevidamente autoridades públicas e produzir notícias falsas usando a estrutura da Abin. De acordo com a investigação, policiais, servidores e funcionários da Abin invadiram celulares e computadores sem autorização judicial. Eles teriam usado software FirstMile para espionar desafetos do governo Bolsonaro.
Luiz Fernando Corrêa foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 2023 para assumir o comando da Abin. Ele é delegado aposentado e foi diretor-geral da Polícia Federal entre 2007 e 2011. Ele também já ocupou o cargo de secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, no período de 2003 a 2007. Em abril deste ano, ele foi intimado a prestar depoimento da PF por suspeita de obstrução de justiça.
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