Investigação

Abin paralela usou drones para monitorar Esplanada e impulsionar ataques às urnas, diz PF

Segundo relatório da corporação, a estrutura da agência foi usada para "fins estritamente políticos" 

À época, o órgão era comandado pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), indiciado pela Polícia Federal. -  (crédito: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)
À época, o órgão era comandado pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), indiciado pela Polícia Federal. - (crédito: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)

A Polícia Federal apontou que a estrutura da chamada “Abin paralela" foi usada para promover ataques ao sistema eleitoral brasileiro, com o objetivo de fortalecer a narrativa do então presidente Jair Bolsonaro sobre um suposto "risco de fraude" nas urnas eletrônicas. Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), os investigadores apontaram uso de drones para monitoramentos em toda a Esplanada dos Ministérios.  

Segundo a corporação, houve "desvio de recursos humanos, financeiros e tecnológicos" para "fins estritamente políticos". 

“O ataque ao sistema eleitoral, também, contou com o produto da estrutura paralela, por exemplo, no uso de imagens de drones para fins políticos partidários, por exemplo, para defesa do voto impresso. Não somente de drones, mas, também, de câmeras instaladas em todos os ministérios”, destaca o documento da PF. 

A PF cita como exemplo drones da Abin usado em um ato pelo voto impresso no Ceará, em 2021. Para os investigadores, os aparelhos foram utilizados no "acompanhamento de manifestações públicas para fins de pautas pessoais e ideologicamente direcionadas". À época, o órgão era comandado pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele foi indiciado pela Polícia Federal. 

Na avaliação da Polícia Federal, o uso da Abin para o ataque às urnas eletrônicas foi uma das inúmeras ações realizadas direcionadas para obtenção de vantagens políticas para o governo Bolsonaro. 

“Os interlocutores demonstram terem a plena ciência das ações realizadas dentro da ABIN relacionadas aos ataques às urnas eletrônicas, com o fito de garantir a obtenção de vantagens políticas à ORCRIM (organização criminosa), como estratagema para a permanência do núcleo político no poder”, ressalta o relatório. 

postado em 18/06/2025 18:53
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