
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, disse em depoimento à Polícia Federal que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro tentou obter informações sobre a delação premiada do militar por meio de seus familiares. Segundo ele, os advogados queriam articular uma “defesa conjunta”.
Mauro Cid foi ouvido na terça-feira (24/6) por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em um inquérito que apura se advogados de réus da tentativa de golpe de Estado agiram para tentar atrapalhar as investigações da Polícia Federal.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse que teria sido gravado sem autorização e que esse material teria sido editado e recortado. Mauro Cid contou que o advogado Eduardo Kuntz, que defende o réu Marcelo Câmara, também procurou sua mãe e sua filha adolescente.
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Segundo ele, o Kuntz se encontrou com a mulher em três ocasiões, em São Paulo (SP), quando a menina estava no hipismo. O delator relatou que em um dos encontros, ele estava acompanhado do advogado Paulo Bueno e ofereceu para ela uma defesa conjunta do filho — que à época estava preso.
Questionado sobre o perfil em nome de "GabrielaR702", no Instagram, criado a partir de uma conta de e-mail identificada com o nome dele, Cid afirmou que não criou o perfil e que também não sabe quem teria feito. Ele negou ter tratado do acordo de colaboração premiada com Eduardo Kuntz.
O Correio tenta contato com Eduardo Kuntz e Paulo Bueno para esclarecimentos sobre as acusações. Em caso de resposta, o texto será atualizado.
Mauro Cid é suspeito de ter vazado informações sobre o seu acordo de delação premiada sobre a trama golpista por meio da rede social. De acordo com a Meta, a conta foi aberta a partir do e-mail "maurocid@gmail.com". A plataforma também confirmou que a conta "@gabrielar702" não está mais no ar. Segundo a revista Veja, mensagens teriam sido enviadas por um perfil da rede social com o nome citado acima.
A manifestação da empresa ocorreu após Moraes solicitar informações para investigar a suspeita de que Cid teria vazado as informações. O Google também enviou informações sobre contas em nome de Cid e confirmou o mesmo endereço de e-mail em nome dele. Além disso, consta nos registros a data de nascimento do militar, 17 de maio de 1979.
O advogado do réu Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, relatou que conversou com Mauro Cid por meio do perfil suspeito. Em uma das mensagens, o militar disse a Eduardo Kuntz que os investigadores da PF queriam "colocar palavras" em sua boca. Ele também teria alegado que os delegados buscavam que ele falasse a palavra golpe.
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