ABIN PARALELA

Abin anuncia indicativo de greve para pressionar demissão de diretor

Servidores também decidiram mover uma ação na Justiça para pedir o afastamento de Luiz Fernando Corrêa, indiciado no caso da Abin paralela. Lula mantém silêncio sobre demissão de chefe da agência

Os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) decidiram, nesta terça-feira (24/6), por um indicativo de greve para pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela demissão do atual diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Corrêa, indiciado pela Polícia Federal por participação em um esquema espionagem clandestina no órgão. Os funcionários também decidiram mover uma ação na Justiça para pedir o afastamento do chefe da instituição. 

As medidas foram aprovadas em assembleia. "Os associados optaram por dar um basta à degradação geral da Abin e manifestaram claramente sua vontade de reação e defesa da nossa instituição", diz nota da diretoria executiva da União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis), entidade que representa os servidores. 

O presidente Lula mantém Luiz Fernando Corrêa, nome de sua confiança, no comando do órgão, mesmo ele sendo indiciado pela Polícia Federal por suposta participação na chamada Abin paralela. Os investigadores atribuíram ao diretor da Abin os crimes de embaraço à investigação, prevaricação e coação no curso do processo. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve oferecer denúncia sobre o caso nos próximos dias. 

Em comunicado, os servidores da agência afirmam que o governo federal tem feito um processo de "esvaziamento institucional" da instituição. Eles argumentam que é “inadmissível” Corrêa permanecer no cargo após o indiciamento e os desdobramentos sobre a possível participação dele no caso, pois compromete a credibilidade da instituição. 

Outra crítica da Intelis é sobre a falta de diálogo com o governo federal e o excesso de delegados da Polícia Federal nos quadros do órgão. 

"Com o indicativo de greve aprovado, a entidade apresentará um conjunto de reivindicações formais. Caso não haja resposta satisfatória dentro do prazo estipulado, uma nova assembleia será convocada para deliberar sobre ações mais incisivas, como a adoção de operação padrão e a deflagração da paralisação", diz um texto divulgado entre os servidores.

No inquérito apresentado ao STF, a PF investigou o funcionamento de uma organização criminosa montada para monitorar indevidamente autoridades públicas e produzir notícias falsas usando a estrutura da Abin. Policiais, servidores e funcionários da Abin invadiram celulares e computadores sem autorização judicial. Eles teriam usado o software FirstMile para espionar desafetos do governo Bolsonaro.

A investigação aponta que Corrêa seria o responsável por um núcleo criminoso que atuou para atrapalhar as investigações sobre o uso ilegal do órgão. Ele teria contado com o apoio da cúpula da instituição, inclusive, para tentar obstruir o trabalho da corregedoria da agência. O ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, atual deputado federal, é suspeito de ser um dos chefes do esquema criminoso.  

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