Justiça

Moraes corta advogado de defesa: "Não é o coronel que vai definir o que é monitoramento"

Ministro do STF reagiu à insistência do advogado Eduardo Kuntz, que sustentou que o conceito de monitoramento deveria obedecer a uma "linguagem militar" e não à definição geral. Ele representou o coronel Marcelo Câmara, durante depoimento de Mauro Cid sobre suposta espionagem de autoridades

Irritado com a tentativa de tecnicalização, Moraes cortou o advogado:
Irritado com a tentativa de tecnicalização, Moraes cortou o advogado: "O monitoramento visual é uma coisa, o monitoramento via satélite é outra, o monitoramento via celular é outra, mas tudo é monitoramento, doutor" - (crédito: Ed Alves CB/DA Press)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), interrompeu de forma incisiva o advogado Eduardo Kuntz, representante do coronel do Exército Marcelo Câmara, durante audiência realizada nesta segunda-feira (14/7). A intervenção ocorreu após o defensor insistir para que Mauro Cid distinguisse os diferentes tipos de monitoramento aplicados a autoridades públicas monitoradas na tentativa de golpe de Estado, em 2022.

Em sua argumentação, Kuntz sustentou que o conceito de monitoramento deveria obedecer a uma “linguagem militar” e não à definição geral. Irritado com a tentativa de tecnicalização, Moraes cortou o advogado: “Então o monitoramento visual é uma coisa, o monitoramento via satélite é outra, o monitoramento via celular é outra, mas tudo é monitoramento, doutor. Então não é o coronel (Cid) que vai definir o que é monitoramento, é a língua portuguesa”, afirmou o ministro, antes de encerrar o debate. “A próxima, qual é a próxima?”, frisou Moraes, determinando a continuidade da audiência.

Mesmo diante da interrupção, Kuntz tentou retomar a questão, afirmando que precisava insistir no tema. “Eu vou insistir, senhores, com todo o respeito, porque a língua portuguesa é uma questão de linguagem militar. Uma coisa militar, uma coisa civil.” Moraes, no entanto, foi direto: “Doutor, vamos para a próxima”, declarou, encerrando o assunto.

No depoimento, Mauro Cid disse desconhecer o uso de meios sofisticados de vigilância ou outras ferramentas de inteligência fechada. Quando questionado sobre trocas de mensagens referentes a deslocamentos de autoridades, Cid explicou que eram informações de segurança interna.

“Era uma mensagem típica de segurança. Por onde a autoridade ia entrar, qual era a rota que ele ia passar. Isso tinha a ver com informações que a própria segurança passava para a gente”, relatou. Segundo ele, os dados eram compartilhados entre as equipes da Presidência, sem envolvimento externo.

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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, está depondo nesta segunda-feira em audiência que integra a instrução do processo contra os núcleos 2, 3 e 4 da suposta trama golpista.

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postado em 14/07/2025 17:28
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