
Um dia depois de o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, dizer que os EUA têm interesse em minerais brasileiros, o presidente Lula (PT) disse nesta quinta-feira (24) que o presidente Donald Trump precisa respeitar a soberania brasileira. Afirmou também que “ninguém põe a mão” nos recursos naturais do Brasil.
“Nós temos 12% da água doce do mundo para proteger. Nós temos 215 milhões de pessoas para proteger. Nós temos todo o nosso petróleo para proteger. Nós temos todo o nosso ouro para proteger. Nós temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, disparou.
As falas de Lula se deram em um evento no Vale do Jequitinhonha (MG), na presença de ministros e aliados políticos no estado. Lula citou Donald Trump nominalmente e disse que a soberania brasileira é uma conquista dos trabalhadores brasileiros.
“Eu queria dizer para o presidente Trump: a nossa soberania é feita por esse povo brasileiro que trabalha, que produz”, afirmou.
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Na quarta-feira (23), Gabriel Escobar, que atua como um embaixador interino dos Estados Unidos no Brasil, disse a empresários brasileiros do setor de mineração que a gestão Trump tem interesse na exploração de minerais como o lítio, o nióbio e terras raras. Os minérios são essenciais para o setor de tecnologia.
Ao Correio, o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, confirmou que Escobar expressou o interesse dos EUA. Ele explicou ao encarregado, no entanto, que essa negociação precisaria passar pelo governo brasileiro, já que a exploração do solo depende de autorização da União.
"De fato, existe interesse manifesto pelos EUA, quando da reunião com o Encarregado de Negócios da embaixada norte-americana, mas este assunto 'minerais' é privativo do governo federal porque a Constituição determina que os minerais no subsolo são de propriedade da União, portanto, do povo brasileiro", explicou Jungmann.
As falas vêm em um momento em que o governo tenta evitar que Trump coloque em prática, em 1º de agosto, o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo o governo, a Casa Branca não tem demonstrado disposição para negociar, embora tenha recebido o filho de Jair Bolsonaro (PL), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que há meses faz lobby por sanções a autoridades brasileiras.
Na semana passada, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) fez nova busca e apreensão na casa de Bolsonaro e impôs a ele o uso de tornozeleira eletrônica, a Casa Branca fez o que Eduardo pedia havia meses: suspendeu o visto do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito do golpe de estado no qual Bolsonaro é réu.
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