
O tradicional Samba da Tia Zélia, na Vila Planalto, em Brasília, foi palco de um ato político e cultural neste fim de semana. As ministras Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), além da ex-ministra Cida Gonçalves (Mulheres), discursaram contra a família Bolsonaro, defenderam a soberania nacional e manifestaram apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O protesto ocorre a uma semana da entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre produtos brasileiros.
“O Brasil é nosso. O Brasil é plural. É feito pela resistência e criatividade do nosso povo. Não vamos abaixar a cabeça para ninguém”, afirmou Macaé Evaristo, ao agradecer à anfitriã do evento, a sambista Tia Zélia. Ela chamou o samba de “tecnologia afrodiastórica” e “espaço democrático”, em referência à ancestralidade e resistência negra presentes na cultura popular.
Cida Gonçalves, que deixou o ministério em março, endureceu o tom ao lembrar o legado da pandemia. “Nós queremos um país soberano e ninguém vai nos intimidar com birra de criança. Quem matou 750 mil pessoas tem que responder por isso”, disse. Ela ainda acusou a família Bolsonaro de chantagem política após perder as eleições.
Sônia Guajajara reforçou o caráter democrático do samba. “Aqui é um espaço de acesso para todas as pessoas. A democratização da festa também é a democratização da luta”, destacou. A ministra também incentivou a mobilização popular contra a jornada de trabalho 6 por 1 e pediu apoio ao plebiscito que corre em cidades brasileiras.
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O evento ocorre no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, e foi marcado por falas que entrelaçaram cultura, política e resistência. “O samba é nosso patrimônio. Patrimônio é o que o povo produz para resistir”, resumiu Macaé. Conhecido como “Bar do Lula”, o Samba da Tia Zélia tem se tornado um ponto de encontro simbólico de lideranças do campo progressista em Brasília. O evento reuniu músicos, militantes e autoridades que, entre batuques e refrões, transformaram a roda de samba em palanque pela democracia.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori