GUERRA COMERCIAL

Tarifaço contra o Brasil visa "reabilitar a extrema-direita", diz Haddad

Ministro da Fazenda participou neste sábado (23/8) de um encontro virtual do PT para debater conjuntura econômica mundial

Haddad também elogiou o vice-presidente Alckmin nas negociações com os norte-americanos -  (crédito:  Ed Alves CB/DA Press)
Haddad também elogiou o vice-presidente Alckmin nas negociações com os norte-americanos - (crédito: Ed Alves CB/DA Press)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o "tarifaço" de 50% a produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos teria o objetivo de "reabilitar a extrema-direita no Brasil". A declaração ocorreu neste sábado (23/8) durante um encontro do PT para debater a conjuntura política nacional e internacional, em Brasília. Haddad participou do evento a distância, por vídeo. 

Na fala que apontou que o objetivo das tarifas de Donald Trump contra o Brasil seria para reabilitar a extrema-direita, o ministro da Fazenda chamou bolsonaristas de "golpistas". “Vimos aí pelas mensagens trocadas que o único objetivo é livrar a cara dos golpistas e não tem nenhuma outra finalidade", disparou.

Como contexto do discurso, Haddad usou — sem citar nominalmente — as recentes revelações da Polícia Federal (PF), que denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) mensagens envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo indicando que os dois conspiraram para que os Estados Unidos dificultassem negociações com o Brasil em relação às tarifas de importação a produtos brasileiros.

“O Brasil não pode servir de quintal de ninguém. Nós sabemos disso. Temos tamanho, densidade, importância para manter e garantir nossa soberania”, pontuou.

O titular da Fazenda também elogiou o vice-presidente e titular do Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, nas negociações com os americanos. "É assim que tem que ser. Sem bravata, mas fazendo valer a dignidade e a sobriedade da nossa gente", declarou Haddad, numa clara referência ao estilo mais comedido de Alckmin em contraste com a retórica mais inflamada que marcou governos anteriores.

PL do Imposto de Renda

Em defesa do projeto de lei que visa isentar do Imposto de Renda trabalhadores que recebem até R$ 5 mil, o ministro criticou governos anteriores por não corrigirem a tabela do IR. Isso, segundo o titular da Fazenda, fez com que mais de 20 milhões de brasileiros de renda mais baixa passassem a pagar o tributo sobre os salários.

“A não correção do Imposto de Renda promoveu um enorme aumento de impostos das camadas economicamente mais frágeis. Ou seja, os sete anos de não correção da tabela do Imposto de Renda incluiu, no pagamento deste tributo, alguma coisa em torno de 20 milhões de brasileiros que não deveriam estar pagando Imposto de Renda e passaram a pagar nos governos Temer e Bolsonaro”, afirmou Haddad.

Além de relacionar o tarifaço com a extrema-direita e de defender o projeto de lei que visa isentar o IR de quem ganha até R$ 5 mil, Fernando Haddad anunciou que o governo prepara um pacote de medidas para impulsionar o acesso a crédito para a compra de imóveis no país, com foco em trabalhadores de baixa renda e classe média. 

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postado em 23/08/2025 16:42 / atualizado em 23/08/2025 16:55
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