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Carlos Viana, presidente da CPMI do INSS, defende rigor na apuração de fraudes

O senador afirmou ao Correio que a comissão vai apontar políticos envolvidos no escândalo da Previdência e buscar recuperação de recursos desviados

"Nosso objetivo é acabar com a impunidade e revelar quem se beneficiou desse esquema bilionário", disse Viana - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)

O senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, foi o convidado do CB.Poder desta quarta-feira (27/8), parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. Durante a entrevista, o parlamentar destacou que a comissão tem como prioridade dar respostas à população sobre as fraudes no sistema previdenciário e que não haverá blindagem para envolvidos, sejam eles empresários ou agentes políticos.

Segundo Viana, o plano de trabalho aprovado ontem (26) pela comissão garante um equilíbrio entre governo e oposição e estabelece a linha de investigação. O senador ressaltou a experiência do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), ex-integrante do Ministério Público, o que, segundo ele, reforça a confiança de que o relatório final terá base jurídica sólida. “Nosso objetivo é acabar com a impunidade e revelar quem se beneficiou desse esquema bilionário”, disse.

De acordo com o presidente da CPMI, pelo menos 10 mil pessoas tinham acesso às senhas do sistema da Previdência, o que permitiu uma série de operações ilegais. O senador afirmou que o volume de recursos desviados pode chegar a R$ 10 bilhões desde 2015. “Não se trata apenas de descontos irregulares ou empréstimos consignados forçados. Esse dinheiro foi parar em carros, imóveis de luxo e contas no exterior. Precisamos identificar os responsáveis e bloquear bens para ressarcir os cofres públicos”, declarou.

Viana ressaltou ainda que a comissão será dividida em duas fases: primeiro, apuração dos descontos feitos por associações e sindicatos; depois, investigação dos empréstimos consignados irregulares. Ele frisou que bancos e cooperativas de crédito também serão chamados a prestar esclarecimentos. “Temos de separar responsabilidades. Há associações que atuaram legalmente, mas outras se aproveitaram do sistema para fraudar aposentados”, afirmou.

Questionado sobre o envolvimento de políticos, o senador afirmou que a comissão não fará blindagens. “Se houver participação de políticos, eles terão que aparecer. Ninguém será poupado. As responsabilidades não podem ficar restritas a um grupo de empresas ou atravessadores. Alguém facilitou, e isso será revelado nos depoimentos”, garantiu.

Por fim, Viana destacou que a CPMI também tem como missão propor medidas de prevenção a novas fraudes. “É uma tragédia social. Precisamos entender como aconteceu para impedir que volte a ocorrer. Vamos indicar mudanças tecnológicas e legais para fortalecer o INSS. Mas, sobretudo, queremos evitar que o prejuízo caia no bolso do contribuinte brasileiro. Vamos buscar onde está esse dinheiro, inclusive no exterior”, concluiu.

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postado em 27/08/2025 15:05 / atualizado em 27/08/2025 15:08
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