
São Paulo* — A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reforçou nesta sexta-feira (26/9) a urgência de políticas de mitigação e adaptação diante das mudanças climáticas. Em fala a jornalistas no último dia do 27º Fórum Nacional do Ensino Superior Particular (Fnesp), em São Paulo, a ela ressaltou que o Brasil tem 1.942 municípios vulneráveis a eventos extremos e defendeu que o enfrentamento do problema passa por ações conjuntas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
“Esses episódios lamentáveis já estão diagnosticados pela ciência. Nós vamos ter que atacar as causas, que é o problema das emissões de CO2, e ao mesmo tempo nos adaptarmos”, afirmou Marina, lembrando que a maior parte das emissões é produzida por países ricos, mas seus efeitos recaem sobre nações com menos condições de resposta.
A ministra destacou que a adaptação será um dos principais temas da COP30, que ocorrerá em Belém em novembro. Segundo ela, países em desenvolvimento precisarão de apoio para obras de infraestrutura, sistemas de drenagem, criação de rotas de fuga e instalação de abrigos em áreas de risco. “Tudo isso são investimentos que países pobres não têm como fazer sozinhos”, observou.
Marina também mencionou os esforços do governo brasileiro para fortalecer a resiliência climática. “Já temos um programa que é o PAC Encosta, o PAC de drenagem, além do trabalho da Defesa Civil para criar sistemas de alerta rápido. Mas infelizmente a natureza é sempre mais forte e mais poderosa do que nós. Por mais que a gente tente se adaptar, ela estando desequilibrada é um risco que nós ainda não sabemos como lidar”, declarou.
Sobre o Fundo Amazônia, a ministra informou que países como Noruega, Reino Unido e Alemanha já confirmaram apoio, enquanto negociações avançam com França e China. “O mais importante é que o Brasil já fez o seu gesto, já aportou 1 bilhão de dólares para o fundo, mesmo sendo um país em desenvolvimento”, disse.
Questionada sobre o legado da COP30, Marina ressaltou que os investimentos em infraestrutura no Pará terão impacto positivo, mas frisou que o maior legado será político. “Se sairmos de lá com boas decisões, isso será fundamental. Vivemos uma emergência climática, com pessoas perdendo suas vidas e seus sistemas alimentares. Hoje temos uma crise de fome inadmissível na África em função da mudança do clima”, afirmou. Ao destacar a importância do Fnesp, completou: “A mudança não é apenas estrutural, é sobretudo de mentalidades. Quem ajuda a fazer isso é a educação”.
*A repórter viajou a convite da Semesp
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