A senadora Teresa Leitão (PT-PE) criticou, nesta terça-feira (3/9), em coletiva de imprensa no Supremo Tribunal Federal (STF), os movimentos que tentam articular anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a seus aliados, réus na ação penal da tentativa de golpe de Estado.
Para a parlamentar, a iniciativa “não terá aderência total e muito menos será pautada como eles estão achando, dentro de um ambiente de troca, dentro de um ambiente de chantagem”.
Segundo Leitão, a proposta de anistia tem como objetivo direto blindar Bolsonaro e o chamado “núcleo crucial” da trama, formado por militares e ex-ministros que começaram a ser julgados nesta semana. “Não está se falando de um crime qualquer, minha gente”, enfatizou.
“Está se falando de um conjunto de ações que atacaram e tentaram atacar sobretudo o Estado Democrático de Direito. Isso não pertence a mim, a você, nem a qualquer um de nós isoladamente. Isso é um bem que o Brasil conquistou superando duas ditaduras, uma civil e uma militar”, afirmou.
A senadora destacou que os autos do processo revelam a gravidade da suposta conspiração, incluindo planos para assassinato de autoridades — o presidente da República, o vice-presidente e um ministro do Supremo. “A gente não tá brincando de julgamento. Nós estamos tratando da democracia e da soberania nacionais. Isso não tem um preço apenas para o presidente Lula, nem apenas para um Congresso. Isso tem um preço para a sociedade, para o povo brasileiro”, disse.
Questionada sobre a sensação de impunidade diante da chamada “minuta do golpe”, encontrada impressa no Palácio do Planalto, Leitão respondeu que o julgamento no STF é justamente a resposta institucional a esse tipo de conduta. “Não é uma questão de revanche, não é uma questão de toma lá dá cá, é um combate direto, eficaz à impunidade.”
“Nunca vi um presidente da República em todos esses anos fazer uma ação dessa natureza. Por isso que é um julgamento histórico, porque se enfrenta a impunidade que se achava que tinha porque estava no poder”, completou.
Cenário internacional
A parlamentar também chamou atenção para os reflexos internacionais do processo, relacionando-os às recentes tensões na política externa. Para ela, a tentativa de golpe e a conspiração de aliados no exterior se conectam à soberania nacional.
“Esse julgamento ocorre em um momento de tentativa de intervenção dos Estados Unidos sobre o Brasil, apoiado pelo filho do réu, que também está sendo julgado e se auto exilou nos Estados Unidos para conspirar contra o Brasil. O Brasil é um país soberano e assim será defendido pelo nosso governo e por toda a sua base. Nós não vamos permitir”, declarou.
Leitão finalizou reforçando que a defesa da democracia está no centro do processo. “A afirmação da soberania que nós estamos fazendo tem relação direta com a defesa da democracia.”
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