O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou nesta terça-feira (9/9) que os altos preços de hospedagem vão prejudicar a realização da Conferência do Clima (COP30) em Belém. Ele disse ter levado em conta a falta de infraestrutura na cidade quando decidiu sediar o evento na capital do Pará, e que o governo tem feito um esforço “incomensurável” para a realização.
Lula defendeu que a próxima COP não pode ser comparada com eventos realizados em cidades como Paris e Madri, e que o objetivo é justamente mostrar a realidade da região amazônica. Disse também que o mercado “pode regular” os preços das hospedagens.
“Quando eu decidi reivindicar a COP para a cidade de Belém, eu já conhecia Belém há muito tempo. Mas eu resolvi fazer a COP em Belém porque é preciso fazer a COP no coração da Amazônia, com as facilidades e as dificuldades que a Amazônia apresenta”, respondeu Lula durante entrevista à Rede Amazônica, afiliada da TV Globo.
“Eu conheço a infraestrutura de Belém, sei da dificuldade, sei da falta de leito. Mas nós estamos fazendo um esforço incomensurável. Só do governo federal tem mais de R$ 6 bilhões investidos na questão de saneamento básico e infraestrutura”, acrescentou.
Lula citou, ainda, a contratação de dois navios, com quase três mil leitos, para aumentar a disponibilidade de quartos na cidade.
O alto preço das hospedagens durante o período da COP gerou críticas por parte de alguns países. Cerca de 25 nações, em carta ao governo federal, pediram a realização de parte do evento em outra cidade. Os países participantes também reduziram suas delegações, gerando temor de um evento esvaziado em novembro.
Em agosto, o governo iniciou uma força-tarefa para tentar reduzir o preço das hospedagens e garantir a participação das delegações. Até o momento, 74 países já confirmaram presença na COP30.
Petróleo na Foz do Amazonas
Na entrevista, o chefe do Executivo voltou a defender a exploração de petróleo da Foz do Amazonas, argumentando que a atividade trará riqueza para a região e para financiar a transição para formas mais limpas de energia.
“O Ibama deve estar satisfeito com o resultado da pesquisa e o Ibama agora vai dar a licença para a gente fazer a primeira experiência nossa. É muito importante para o Brasil, e é muito importante para a Amazônia”, disse Lula.
Ele defendeu que a exploração será feita com responsabilidade, apesar dos temores sobre os danos ao bioma amazônico caso haja um derramamento de petróleo que atinja a costa. Também argumentou que o objetivo do governo é realizar a transição energética, mesmo com o investimento em combustíveis fósseis.
“Mas para tudo isso nós precisamos de dinheiro, e o combustível fóssil, o petróleo, pode ser o dinheiro que falta para a gente fazer a revolução na nossa transição energética no Brasil”, afirmou Lula.
O presidente viajou nesta terça-feira para Manaus, capital do Amazonas, para participar da inauguração de um centro de cooperação internacional contra o crime organizado na região amazônica e o lançamento de um cabo de fibra óptica.
