
Sindicatos de diversos setores do serviço público não gostaram da afirmação do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que a reforma administrativa será sua próxima prioridade após a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Com ato marcado para o dia 29 em todo o país, entidades têm convocado servidores para marchar contra a proposta, que é relatada pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ).
A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) chamou a proposta de retrocesso e afirmou que o texto é pior que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, do governo de Jair Bolsonaro.
"Precisamos barrar e enterrar de vez esse retrocesso, e as ruas são o caminho! Resistir a essa reforma não é apenas defender o funcionalismo, mas reafirmar o compromisso com a classe trabalhadora, que necessita de um Estado forte e capaz de garantir direitos para a maioria da população", disse a entidade em comunicado.
Já Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Distrito Federal (Sindsep-DF) avalia que a proposta é um "ataque ao funcionalismo público e ao acesso da população a serviços essenciais". A entidade busca contato com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar frear a medida.
A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), por sua vez, classificou a matéria como uma "farsa de reforma administrativa" e alertou para medidas como o fim da estabilidade, ampliação da contratação temporária e restrições ao teletrabalho. "A Fenajufe segue acompanhando os andamentos no Congresso Nacional para se antecipar quanto às eventuais manobras para aprovação do texto sem discussão", ressaltou a federação.
Setores divergem sobre reforma
A proposta, protocolada na quinta passada (2/10), foi impulsionada por um movimento de entidades empresariais. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e mais de 120 instituições do setor produtivo defenderam o texto como uma "modernização necessária" da máquina pública.
Entre os pontos que mais desagradam ao funcionalismo estão o endurecimento das regras para estabilidade, a restrição da abertura de novos concursos públicos, e o combate aos chamados "supersalários". A PEC estabelece que servidores não poderão receber acima do teto constitucional, eliminando penduricalhos e benefícios extras. Além disso, o texto limita o home office a apenas um dia por semana.
Para os servidores, as mudanças abrem espaço para maior instabilidade e enfraquecem as garantias de carreira. Já os defensores da proposta afirmam que ela corrige distorções históricas e torna o serviço público mais dinâmico. O impasse promete se intensificar.
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