
O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), destacou, nesta quarta-feira (22/10), que a principal missão dele no cargo será passar por todos os estados do país e dialogar com o povo brasileiro sobre demandas para o governo. O congressista comentou que as reivindicações de trabalhadores de plataforma — motoristas e entregadores de aplicativo — são prioritárias.
De acordo com ele, essa prioridade se deve às condições precárias de trabalho que esses prestadores de serviço recebem, como também à vontade da esquerda de recuperar o antigo público alvo da ideologia: o trabalhador. Boulos declarou que a "nova classe trabalhadora” é mais flexível e dispersa do que a antiga, tão mobilizada pelo PT, e reviver essa mobilização faz parte do trabalho dele como ministro.
"Nós temos que responder a esse fenômeno. Parte da minha missão é essa, vamos dialogar com esses trabalhadores, com esses novos trabalhadores, com essas novas periferias", afirmou em entrevista à Globonews.
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A partir do diálogo, o deputado pretende criar propostas para gerar direitos para os trabalhadores, mas respeitando o grau de flexibilidade na relação e no tempo que eles próprios prezam. Essa fala vem depois da desaprovação, principalmente dos próprios prestadores de serviço de aplicativos, com uma proposta encaminhada ao Congresso, enviada pelo Ministério do Trabalho.
O deputado disse entender as críticas, pois acredita que a esquerda se equivocou, “porque quer colocar a legislação trabalhista que a esquerda acredita para eles, sem escutá-los, mas precisa ser ajustado no discurso e prática”.
Boulos já revelou três reivindicações que deve levar para propostas. Segundo ele, essas queixas foram faladas pelos próprios trabalhadores, quando era deputado e fez textos sobre o tema. São elas:
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Remuneração mínima: “A Uber não enche um pneu, mas cobra uma parte significativa do lucro”, falou. O objetivo é criar uma contribuição mínima para o trabalhador, em cada viagem ou entrega;
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Seguro ou vínculo previdenciário: O futuro ministro reclamou que o seguro não funcionaria só para uma aposentadoria, mas também para garantir o sustento das famílias, em casos de acidentes. Ele enfatizou que isso não deve significar jornadas “amarradas”.
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Transparência do algoritmo: "Hoje esse trabalhador, eles são dirigidos por algoritmos, mas não há nenhuma transparência de como isso funciona, e é essencial que isso seja feito", falou.
* Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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