Segurança

Sete líderes do CV são transferidos para presídios federais; veja quem são

Transferência foi autorizada após megaoperação no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortes. O Brasil tem cinco presídios de segurança máxima, administrados pela Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça 

Policiais levam suspeito detido na Operação Contenção: segundo o governo do Rio de Janeiro, a ação foi deflagrada
Policiais levam suspeito detido na Operação Contenção: segundo o governo do Rio de Janeiro, a ação foi deflagrada "após mais de um ano de investigação e 60 dias de planejamento" - (crédito: Mauro Pimentel/AFP )

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou, nesta quarta-feira (12/11), que a Polícia Federal realiza a transferência de sete líderes do Comando Vermelho no Rio de Janeiro para presídios federais de segurança máxima. A mudança ocorreu atendendo um pedido do governador do RJ, Cláudio Castro (PL), após operação que resultou na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais, nos complexos do Alemão e da Penha. 

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As transferências ocorrem conforme o rito processual estabelecido com o Poder Judiciário, que analisa individualmente cada pedido e autoriza a inclusão dos criminosos nas unidades federais.  

Os sete transferidos são:

  • Roberto de Souza Brito (Irmão Metralha) — Condenado a 50 anos, 2 meses e 20 dias. Atua no Complexo do Alemão;
  • Arnaldo da Silva Dias (Naldinho)  —  Condenado a 81 anos, 4 meses e 20 dias de pena. Chefe em Resende e administrador da “caixinha” do Comando Vermelho;
  • Alexander de Jesus Carlos (Choque ou Coroa) — 34 anos e 6 meses. Atuação no Complexo do Alemão;
  • Marco Antônio Pereira Firmino (My Thor) — 35 anos, 5 meses e 26 dias. Integrante do CV, do Morro Santo Amaro;
  • Fabrício de Melo de Jesus (Bicinho) — 65 anos, 8 meses e 26 dias. Líder do tráfico em Volta Redonda; 
  • Carlos Vinícius Lírio da Silva (Cabeça de Sabão) —  60 anos, 4 meses e 4 dias. Chefe do crime da comunidade do Sabão, em Niterói;
  • Eliezer Miranda Joaquim (Criam) — 100 anos, 10 meses e 15 dias. Líder do tráfico na Baixada Fluminense.

Os criminosos deixaram a Penitenciária Laércio da Costa Peregrino, em Bangu, e foram levados ao aeroporto do Galeão, onde embarcaram em avião da Polícia Federal. O estado para onde eles foram levados não foi informado por questão de segurança, segundo o ministério. 

De acordo com o governo, o Rio de Janeiro é o estado com o maior número de presos sob custódia federal, totalizando 66 custodiados de alta periculosidade. Somente em 2025, 19 novas inclusões foram realizadas no Sistema Penitenciário Federal. 

Nas penitenciárias federais, cada preso ocupa cela individual e não tem contato com outros custodiados, permanecendo 22 horas por dia em regime de isolamento e duas horas de banho de sol, sob monitoramento permanente de policiais penais federais e sistemas de vigilância eletrônica.

O Brasil reúne cinco presídios federais, administrados pela Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça. Os locais com penitenciárias são: Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF). Ao todo, as unidades abrigam cerca de 500 presos. 

Segurança da operação 

O secretário André Garcia criticou, ontem, a divulgação da transferência pelo governo do Rio de Janeiro. Especialistas ouvidos pelo Correio também avaliam que a propagação da informação a respeito da operação pode comprometer a efetividade do processo. O especialista em segurança pública Fagner Dias, professor do Ibmec, ressalta que esse é o momento mais sensível do trabalho e que deve seguir rígidos protocolos. 

“Por maior que seja a segurança na transferência de um preso de um presídio para outro, esse é o momento considerado mais sensível para qualquer tipo de fuga, de alterações no serviço, de manutenção dessa pessoa que está sob custódia do Estado. A transferência, esse momento em que ele sai de um local e vai para outro, ele é um momento muito sensível. A divulgação da transferência é, de fato, um problema”, disse. 

Para Dias, a liberação precoce da informação é um equívoco. “O ideal era que essa informação só fosse feita depois da transferência. Depois disso, aí, sim, é possível dar total transparência à população — que quer saber onde está o preso. Mas isso deve ser feito somente após o sucesso da transferência”, apontou. 

O especialista em segurança pública Cássio Thyone, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também critica a divulgação da transferência. No entanto, ele avalia que a informação pública não compromete a efetividade da operação. 

“Essas operações envolvem um grande aparato de segurança. O ideal é que quanto menos divulgação a gente tenha, melhor. Mas também não acredito que o simples fato dessa divulgação traga um comprometimento grave. A segurança vai estar reforçada, ainda mais agora. Dificilmente, haveria algum tipo de resgate, algum tipo de ação por parte das facções”, afirmou. 

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postado em 12/11/2025 13:32 / atualizado em 13/11/2025 17:57
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