O governo do Paraguai anunciou nesta segunda-feira (17/11) que “considera concluída” a crise entre os dois países causada pela operação de espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realizada entre junho de 2022 e março de 2023.
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A decisão foi anunciada logo após uma reunião entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano. O ministro brasileiro entregou um documento detalhado e confidencial do governo brasileiro com explicações sobre o caso. Os países também concordaram em retomar negociações da Itaipu Binacional.
“O ministro Ramírez Lezcano recebeu o relatório confidencial e as explicações oferecidas por seu homólogo e, após um intercâmbio de pontos de vista, manifestou que o governo paraguaio dava por concluído o assunto”, diz o comunicado conjunto, divulgado por ambos os governos.
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“Ambos os chanceleres acordaram a retomada, na primeira quinzena de dezembro de 2025, das negociações sobre a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, com base no Entendimento Bilateral de abril de 2024”, continua o documento. O encontro entre os chanceleres ocorreu hoje em Assunção, capital do Paraguai.
No comunicado, o governo brasileiro também reforça que a operação foi iniciada durante o governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e que a encerrou assim que soube de sua existência. Reforçou ainda que continuará tomando as medidas cabíveis para identificar e punir os responsáveis.
Vieira e Lezcano trataram ainda sobre datas para encontros entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente paraguaio, Santiago Peña.
Relembre o caso
A operação de espionagem foi revelada em abril deste ano pelo colunista Aguirre Talento, do portal UOL, com base em uma investigação da Polícia Federal contra a Abin.
Segundo a apuração, agentes da Abin teriam usado o programa Cobalt Strike para tentar invadir computadores de autoridades do Paraguai, com o objetivo de encontrar informações sigilosas e obter benefícios na negociação do Anexo C, que trata do pagamento de tarifas pela energia produzida em Itaipu.
Não está claro se a operação obteve resultados concretos. Após a divulgação da matéria, o governo federal confirmou sua existência, mas argumentou que ela havia sido autorizada pelo governo passado, e que a encerrou assim que teve conhecimento, em março de 2023.
O caso gerou uma crise diplomática entre Brasil e Paraguai. O país vizinho pediu explicações ao governo brasileiro e suspendeu as negociações do Anexo C.
