
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou, nesta segunda-feira (1º/12), que o encontro solicitado por Jorge Messias com a bancada evangélica não deve interferir na análise do requerimento que pede a convocação do advogado-geral da União. Segundo o parlamentar, cada senador “tem sua própria avaliação”, e a decisão, além de individual, é tomada de forma secreta. “A população brasileira quer saber: prevaricou, não prevaricou; tomou providências, ou não? Ele terá toda a chance de explicar, caso a convocação seja aprovada”, disse.
Viana voltou a criticar o que classificou como interferência do governo federal no Senado, especialmente após derrotas em votações. Ele citou decisões do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre emendas parlamentares como exemplo de invasão de competências. “Não havia justificativa. Temos Tribunal de Contas e CGU atuando. Muitos parlamentares perderam emendas no ano passado. Isso cria indisposição. O governo precisa dialogar mais e melhor”, afirmou. Para o senador, recorrer ao Judiciário sempre que há um revés “invade atribuições do Parlamento”.
O parlamentar confirmou que Messias procurou a bancada evangélica para solicitar uma reunião coletiva. Ele afirmou estar consultando os integrantes do grupo para avaliar se haverá um encontro formal. “Como presidente da frente, não posso deixar de atender o pedido. Agora, os senadores é que decidirão se vão ou não”, declarou. Viana enfatizou, porém, que sua participação não tem relação direta com a votação do requerimento. “Quinta-feira, o pedido de convocação está na pauta, e faço questão de colocá-lo.”
Segundo o senador, sua presença em eventual reunião é parte das funções que exerce na bancada evangélica. “É o ônus do meu trabalho. Mas isso independe da análise da CPMI”, reforçou. Ele afirmou ainda que continua conversando com colegas sobre o tema e que não há definição sobre posicionamentos individuais.
A movimentação ocorre em meio à estratégia do Planalto para reduzir resistências à indicação de Messias ao STF. Após enfrentar dificuldades para reuniões reservadas com parlamentares da oposição, o advogado-geral da União marcou um almoço para esta terça-feira (2/12) com senadores do bloco Vanguarda, formado por PL e Novo. O encontro foi intermediado pela senadora Dra. Eudócia (PL-AL), que mantém boa relação com o governo.
Integrantes do grupo afirmam que Messias busca construir um ambiente menos hostil antes da sabatina, enquanto parlamentares da oposição tentam demonstrar autonomia em relação ao Planalto. A avaliação unânime entre eles, no entanto, é que o clima no Senado segue tenso e que a votação da convocação na CPMI será mais um termômetro da resistência ao nome do AGU.
