
José Reinaldo Lima, ex-atacante do Atlético Mineiro e da Seleção Brasileira, recebeu nesta terça-feira (2/12) da Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) o perdão e uma indenização por ter sido perseguido pela ditadura militar brasileira.
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A decisão da comissão foi unânime e Reinaldo, que reivindicava indenização, além da condição de anistiado político, terá direito a uma reparação financeira de R$ 100 mil, que será paga em parcela única. Isso é referente a nove períodos de perseguição enfrentados pelo ex-jogador entre março de 1978 e outubro de 1986.
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A perseguição a Reinaldo, que estava presente na sessão e chorou durante o pronunciamento, ocorreu dentro e fora das quatro linhas. Ele foi monitorado pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), que servia de base para prisão e tortura.
O ex-atleta também foi perseguido pelos generais que comandavam o governo e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O principal motivo de desconfiança por parte dos militares era a forma como Reinaldo celebrava seus gols: com o punho cerrado para o alto.
Este gesto era o mesmo feito por militantes negros do movimento dos Panteras Negras, nos Estados Unidos, que atuava contra o racismo e pela conquista dos direitos civis. O anistiado também deu declarações públicas a favor da retomada da democracia.
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Para o ex-goleador, o objetivo da campanha de difamação causada pelo seu gesto e suas declarações era “destruir sua reputação”. A vigilância e a campanha difamatória geraram, segundo ele, angústia e estresse, o fazendo perder a confiança em muitas pessoas e se sentir isolado.
“A campanha de difamação e a perseguição política me tiraram muitas oportunidades. Talvez, o exemplo mais evidente seja a não convocação para a Copa de 1982, onde, apesar de o treinador falar em questões físicas, todo mundo sabia que o motivo eram as restrições a meu suposto comportamento fora de campo”, lamentou.

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