O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a celebrar nesta terça-feira (2/12) a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, medida sancionada na semana passada. O petista classificou a medida como uma “conquista histórica do povo brasileiro” e reforçou que o impacto no bolso dos trabalhadores equivale, na prática, a “um 14º salário”.
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Segundo o presidente, a nova regra corrige uma distorção que penalizava especialmente os mais pobres. “No Brasil, o pobre proporcionalmente paga mais imposto do que o rico. Ele paga quando compra comida, quando compra qualquer produto. Já o rico transfere o imposto para o preço do que vende”, afirmou em entrevista ao Balanço Geral Pernambuco.
Lula destacou que a medida beneficia “quase 90% da população”, em um país onde a renda é concentrada e a carga tributária pesa de forma desigual. Ele citou que trabalhadores que ganham cerca de R$ 4.800 por mês acumularão ao longo do ano uma economia de aproximadamente R$ 4 mil, o equivalente a um salário extra.
“É dinheiro para comprar o que quiser: guardar, gastar, dar presente para o filho, para a sogra, ou até para receber presente do marido”, disse. “Pouco dinheiro na mão de muitos distribui riqueza. Muito dinheiro na mão de poucos concentra miséria”, enfatizou. A nova tabela do IR começa a valer em janeiro de 2026.
Desigualdade tributária
O presidente Lula também voltou a criticar a estrutura tributária brasileira, que considera injusta. Ele citou, como exemplo, os dividendos distribuídos pela Petrobras — “R$ 45 bilhões no ano passado, com zero de imposto de renda” — para questionar por que trabalhadores pagam IR enquanto grandes acionistas são isentos. "Qual é a lógica da política tributária?”, questionou. “Se você ganha R$ 10 mil de lucro na televisão, paga imposto. Mas quem recebe milhões em dividendos não paga nada.”
O chefe do Executivo afirmou que o tema continuará no centro do debate político nos próximos meses. Para ele, a disputa eleitoral de 2026 deve envolver um processo de “politização da sociedade” sobre o sistema tributário.
O presidente indicou que novas medidas devem ser discutidas para reduzir desigualdades e tornar a cobrança de tributos mais equilibrada. “Se a gente não fizer mudanças, não vamos construir o mundo justo que precisamos criar”, afirmou.
