COMPORTAMENTO

Além do jaleco: em busca de equilíbrio, médicos também têm seus hobbies

Para celebrar o Dia do Médico, festejado na semana passada, a Revista mostra os hobbies que ajudam alguns profissionais a desestressar da rotina cheia de atribuições e responsabilidades

Na última terça-feira, dia 18 de outubro, foi celebrado o Dia do Médico. Comemorado no mesmo dia no Brasil, em Portugal, na Itália, França, Espanha, Bélgica e Polônia, a escolha da data não é um acaso: é a mesma na qual a Igreja Católica homenageia São Lucas, o apóstolo médico de Jesus Cristo.

A origem da profissão remonta às primeiras civilizações. Na Grécia Antiga, Hipócrates ficou conhecido como o "pai da medicina" e é o autor do juramento repetido até os dias atuais pelos formandos. "Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém". Esse é um dos trechos mais repetidos e relembrados pelos profissionais da saúde durante o exercício da profissão.

E embora, por muitas vezes, eles abram mão de si e dos seus em prol do cuidado ao próximo, como muitos fizeram durante os momentos mais difíceis da pandemia, é importante lembrar que dentro do jaleco, antes de um médico, existe uma pessoa. A Revista conversou com alguns profissionais que ressaltam outros aspectos de suas vidas e personalidades, sem nunca deixar de valorizar o trabalho que exercem junto aos pacientes.

Uma mulher de muitos hobbies

Mãe, pintora, artesã, desenhista, cozinheira... e médica. Suzana Rodrigues tem 38 anos e atua na área há "apenas" 14. "O que faz de mim muito mais Suzana do que médica", brinca. A pediatra e neonatologista tem dois filhos, Arthur e João Pedro, que, junto com o marido, são o que ela define como a alegria de sua rotina. Além da vida e família, Suzana conta que sempre gostou de trabalhos manuais e se aventura em muitos deles, indo desde a pintura ao artesanato, passando por invenções culinárias.

Entre os — muitos — hobbies artísticos, Suzana ainda preenche seus dias com treinos na academia, de vôlei, e com o cuidado com as plantas que tem em casa. A vida agitada é quase intrínseca a Suzana, que, mesmo apaixonada pela profissão, não deixa nenhuma das suas outras atividades de lado. Ela reconhece, porém, que às vezes precisa ir com mais calma. "Sou muito acelerada e tenho que ter paciência. Imediatista, quero tudo resolvido o mais rápido possível", afirma.

Para lidar com tudo e mais um pouco, Suzana, conta com uma boa rede de apoio. Não mede elogios ao marido, seu braço direito na correria dentro e fora da Maternidade Brasília.

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O equilíbrio perfeito

Médico há 20 anos, Bruno Ramalho, 44 anos, se autointitula um ginecologista-poeta. Tentando descobrir a fórmula perfeita de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, vem dedicando quase todo seu tempo livre à escrita. Com dois livros publicados e mais dois no forno, o sonho atual é ver sua literatura sendo reconhecida. Mesmo tendo se apaixonado pela biologia na infância e se decidido pela medicina aos 13 anos, o fã de prosa e poesia cogitou cursar jornalismo ou filosofia para viver dedicado à arte das palavras.

Arquivo pessoal - Bruno Ramalho

Como os textos acabaram se tornando uma segunda profissão, os momentos de descontração ficaram reservados para os instrumentos de sopro, como trompete e flugelhorn — definido por ele como um primo do trompete com som mais aveludado —, e para as "amigas" adolescentes, Ana Clara e Carolina, suas filhas.

Mesmo com dificuldade em não transformar todo o ócio em algo produtivo, Bruno também é um grande fã do audiovisual. Como não conseguiu se decidir por um filme favorito, indicou a série Sandman para os leitores da Revista. Outlander e A Casa do Dragão também vem conquistando o coração do médico em seus raros momentos de pausa.

O médico cowboy

As noites em claro estudando e as datas comemorativas longe dos amigos e da família fazem parte do cotidiano de quem escolhe a medicina. E quando a inspiração vem de casa e se junta à vocação, é difícil fugir. Aos 33 anos, Arnaldo Nacarato é formado em medicina e terminou a especialização em cirurgia do aparelho digestivo, paixão que surgiu por influência e admiração pela carreira do pai.

Arquivo pessoal - Arnaldo Nacarato

A busca por ser motivo de orgulho para a família, sua principal fonte de amor, o mantém focado na carreira, mas durante os pequenos intervalos que sobram entre as operações e a dedicação aos filhos, Artur e Arnaldo, outra paixão de Arnaldo ganha espaço: o universo country.

Arnaldo é atleta de laço individual e, sempre que possível, vai para competições nacionais dentro de sua modalidade. A pecuária era uma de suas opções de formação e hoje é um hobby. O grande fã de música sertaneja encontra sua paz na vida rural.

Viagens e gastronomia

Quando está fora dos consultórios, o coração de Flávia Vidal Cabero, 35, encontra alegria com suas pets. O mundo chega a ficar pequeno para ela e suas filhas caninas, a vira-lata Lizy e a husky Charlotte, quando elas resolvem se aventurar em viagens.

arquivo pessoal - Flávia Vidal Cabero

Conhecer o mudo inteiro está no topo da lista dos seus maiores sonhos não profissionais. Quando a companhia canina não é bem-vinda nas viagens, a câmera fotográfica se torna um refúgio. Depois de alguns cursos de fotografia, o registro de memórias se tornou algo muito importante na vida da cirurgiã.

Mesmo que a cirurgia geral e a mastologia nutram seu propósito de cura e transformação, Flavia, percebe cada dia mais que a vida é um sopro e não deixa de lado a vontade de se sentir diariamente viva e aberta a experiências culturais e gastronômicas.

O médico Julio Mott também compartilha da paixão de Flávia pela imersão gastronômica, mas leva o assunto um pouco mais a sério. Quando se trata de cozinha, a influência da família italiana teve um grande peso na vida do cirurgião torácico e diretor do Hospital Brasília Unidade Água Claras. Apaixonado por cuidar de pessoas, fez da gastronomia outra forma para conseguir transmitir afeto e carinho àqueles que ama.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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