É no ateliê instalado em casa que o brasiliense Alisson Abreu cria peças de roupa para o streetwear, estilo criado para o urbanismo referenciado pelo hip-hop e pelo cotidiano dentro das grandes cidades. O estilista, de 22 anos, vem se destacando na moda local por trazer modelos que fogem do comum em composições autorais. O artista nasceu no Paranoá, no Distrito Federal, e começou a costurar em 2019. Em pouco tempo, alcançou o prestígio entre os entusiastas do segmento e criou a marca Hylo Cartis Studio, presente em diversos festivais de música e moda. O jovem se prepara para atingir o cenário nacional.
Alisson relata que seu pai, o segurança Manoel Azevedo Jesus, foi a grande motivação para que ele se preocupasse mais com a imagem e o estilo. "Meu pai é uma pessoa exigente e gosta de estar sempre arrumado. Eu costumava sair de sandálias e ele dizia que eu deveria calçar um tênis. Isso começou a me dar a vontade de me vestir de uma forma mais interessante."
Já a profissionalização teve início em 2019 por influência da mãe, a dona de casa Doraci Abreu dos Santos, que, na época, tinha começado a estudar corte e costura. "Eu vi minha mãe costurando e senti vontade de me aventurar também. Achava interessante demais a forma como as peças ganhavam vida e forma depois de prontas. Isso me motivou a querer estudar mais sobre a área e fazer o curso de corte e costura."
- Homens mais vaidosos? Acessórios masculinos fazem parte do look deles
- Para além do treino, o tênis esportivo pode compor bons looks casuais
- Para proteger do frio e trazer elegância, um moletom estiloso sempre cai bem
Ao iniciar o curso, o estilista enfrentou alguns problemas para poder focar na moda, pois teve que dividir seu tempo entre o trabalho — que lhe dava sustento — e os estudos. "Na época que eu fazia o curso de costura, eu estudava administração e trabalhava como auxiliar administrativo em uma firma de audiovisual. Minha vida não era voltada para costura ainda. Demorava um mês para terminar uma peça."
No início, Alisson compartilhava o ateliê com a cama do seu quarto, na antiga casa onde morou, no Paranoá. Com o tempo, o cômodo se tornou pequeno demais para comportar as demandas de trabalho. Em 2022, ao se mudar para o Itapoã, o estilista destinou um espaço especial para montar o estúdio.
Hoje, Alisson trabalha com três amigos: Marcos Vinnicius, Arthur Ruan e Matheus Cordeiro, que auxiliam na criação de peças, na participação em eventos e também atuam como modelos da Hylo. Todos são da área e moram nas regiões administrativas Itapoã e Paranoá.
"Quando comecei a costurar, eu não conseguia imaginar onde poderia chegar. Não tive referências do Distrito Federal ou do Brasil que vem de onde eu venho ou que são como eu sou", diz o brasiliense, ao falar sobre a construção da identidade. "Sei que existiu uma geração antes da minha, mas eles não alcançaram o que estamos conseguindo. A nossa geração veio mais nova, veio mais forte e internacionalizada. Nós mesmo somos nossas influências para tudo o que criamos. É como uma competição saudável", acrescentou.
Saiba Mais
O primeiro contato de Alisson com a moda de rua veio através do skateboard, uma de suas paixões, sendo até hoje uma das suas principais referências. Roupas largas e calçados robustos fazem parte do repertório dele. "Quando você começa a andar de skate, passa a ter mais referências visuais e a querer se vestir como um skatista, e por aí você acaba pesquisando mais sobre" conta Alisson, que também foi influenciado por artistas internacionais, como Pharrell Williams e Virgil Abloh.
Projeção para o nacional
Ainda no cenário local, Alisson enxerga que contribui muito para a cena do Distrito Federal. Suas peças são vestidas por artistas locais como Isa Marques, Bwayne, Novin Yarp, e de nível nacional como Menestrel, Yunk Vino e Froid, o que ajuda a colocar a moda da Capital em evidência. Este ano, o estilista pretende expandir as fronteiras, levando sua marca para eventos fora do quadradinho e atingindo públicos maiores. "Hoje eu já participo muito do cenário da moda em Brasília. A expectativa é ampliar meus contatos em nível nacional, ter eventos em outros estados também. E pros próximos anos quero me projetar como um artista internacional e ter meu trabalho valorizado a esse nível."
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Correio Braziliense (@correio.braziliense)
*Estagiário sob supervisão de Samuel Calado