TURISMO

Baku, capital do Azerbaijão: o velho e o novo convivem em harmonia

Com uma cultura rica e uma gastronomia deliciosa, a capital do Azerbaijão está cada vez mais cosmopolita e aberta ao ocidente

Baku é o contraste do antigo com o novo: o charme da cidade -  (crédito: Roberto Fonseca/CB/D.A Press)
Baku é o contraste do antigo com o novo: o charme da cidade - (crédito: Roberto Fonseca/CB/D.A Press)

Enviado especial — Andar pelas ruas da capital do Azerbaijão é conviver com o contraste do antigo com o novo. Avenidas largas separadas por poucos metros de vielas estreitas, com pedras portuguesas, do século 19. Prédios de cinco andares, conhecidos como "khruschovkas", ao lado de modernos arranha-céus em construção. São marcas de uma cidade cada vez mais cosmopolita, com uma cultura rica e uma gastronomia deliciosa.

Três dias é o tempo mínimo para conhecer Baku. Só a cidade velha vale uma tarde inteira. Cercada por muralhas erguidas no século 12, Icherisheher, como é conhecida, abriga um palácio, torres e uma mesquita. Entre um beco e outro, as ruazinhas estão repletas de lojas de artesanato local, com um detalhe: muitos comerciantes não falam inglês, principalmente os que vendem tapetes e lenços de seda. Logo, andar com o aplicativo do Google Tradutor instalado no celular é uma dica mais do que útil.

O Centro Cultural Heydar Aliyev é programa obrigatório. O complexo abriga um museu, uma biblioteca e um centro de conferências. Tem arquitetura moderna, ampla, bem diferente dos traços soviéticos ainda existentes pela capital. Ao mesmo tempo em que temos contato com a história e a cultura do Azerbaijão, entendemos todo o processo de transformação existente no país. Desde a independência em 1991, com o fim da União Soviética, o país tem recebido investimentos em infraestrutura, impulsionados pelo dinheiro do petróleo e do gás natural.

  • A arquitetura modernista está espalhada em diversos pontos de Baku
    A arquitetura modernista está espalhada em diversos pontos de Baku Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • O calçadão às margens do Mar Cáspio é um dos pontos preferidos dos moradores
    O calçadão às margens do Mar Cáspio é um dos pontos preferidos dos moradores Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Paddock permanente do circuito de rua do GP do Azerbaijão de F1 fica em uma das avenidas mais movimentadas de Baku
    Paddock permanente do circuito de rua do GP do Azerbaijão de F1 fica em uma das avenidas mais movimentadas de Baku Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Cidade Velha, uma visita obrigatória em Baku
    Cidade Velha, uma visita obrigatória em Baku Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Bandeira do Azerbaijão às margens do Mar Cáspio
    Bandeira do Azerbaijão às margens do Mar Cáspio Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Um banquete de cores e aromas é a marca da gastronomia de Baku
    Um banquete de cores e aromas é a marca da gastronomia de Baku Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Esturjão é um dos peixes mais consumidos no Azerbaijão: variedade
    Esturjão é um dos peixes mais consumidos no Azerbaijão: variedade Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Carnes de frango ou cordeiro são uma marca da culinária azerbaijana
    Carnes de frango ou cordeiro são uma marca da culinária azerbaijana Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Dovga, sopa feita com iogurte, espinafre, arroz e ervas
    Dovga, sopa feita com iogurte, espinafre, arroz e ervas Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Baku tem mais de uma dezena de parques urbanos
    Baku tem mais de uma dezena de parques urbanos Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Uma réplica de Veneza é um dos destaques do calçadão à beira-mar: ponto turístico
    Uma réplica de Veneza é um dos destaques do calçadão à beira-mar: ponto turístico Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Mesquita em Baku: 85% da população é muçulmana
    Mesquita em Baku: 85% da população é muçulmana Roberto Fonseca/CB/D.A.Press
  • Mesquita Taza Pir tem 110 anos: beleza chama a atenção
    Mesquita Taza Pir tem 110 anos: beleza chama a atenção Fotos: Roberto Fonseca/CB/D.A.Press

Às margens do Mar Cáspio, entretanto, está o local mais apaixonante da capital do Azerbaijão: a Baku Boulevard. O calçadão, com 25km de extensão, oferece uma vista única do Mar Cáspio. Seja caminhando, seja de bicicleta ou patinete elétrico, é possível curtir a cidade como os moradores gostam de fazer.

O trecho de 2,3km entre a rua de acesso às Flame Towers, um dos cartões portais, e o paddock permanente do GP de Fórmula 1 reúne uma grande quantidade de restaurantes e quiosques de doces e sorvetes. Nos dias ensolarados, famílias e casais de namorados ocupam os bancos e o gramado entre as árvores. Um passeio imperdível, mas prepare-se para o vento, que, muitas vezes, castiga os lábios. Baku é uma das 10 cidades onde mais venta no mundo.

Compras

Com uma moeda valorizada em relação ao real (nos últimos 12 meses, 1 manat variou entre R$ 2,90 e R$ 3,10), Baku é relativamente uma das cidades mais baratas em comparação com outros destinos turísticos próximos, como Istambul, Doha e Dubai. Fevereiro e setembro são dois meses em que se costuma ter promoções nos centros de compras. Para quem deseja roupas de marcas, o Port Baku Mall é visita obrigatória. Balenciaga, Chloé, Dolce&Gabbana, Ferragamo, Hugo Boss e Rolex, por exemplo, têm lojas conceito, as flagships stores, espalhadas pelos três andares do luxuoso shopping center.

Se buscar opções mais em conta, a pouco menos de 800m do Port Baku Mall, fica o Park Bulvar Mall, com uma deslumbrante vista do Mar Cáspio da Praça de Alimentação. É possível achar boas pechinchas no local, principalmente nos produtos em promoção nos fundos das lojas. Agora, se a ideia é buscar produtos típicos da região, não deixe de visitar o Yasil Bazar Green Market, um mercado gigantesco, repleto de frutas, legumes, chás, temperos, especiarias, doces e conservas. A cereja é farta. Está por todos os cantos. E é bem barata.

Curiosidades sobre Baku

  • Localizada a uma altitude de 28m abaixo do nível do mar, Baku é a capital nacional mais baixa do mundo.
  • A capital do Azerbaijão é a maior cidade do Mar Cáspio e da região do Cáucaso.
  • O Mar Cáspio é um lago e tem o tamanho semelhante da Alemanha ou do Japão.
  • Conhecida como a Cidade dos Ventos, há duas rajadas principais a serem observadas em Baku — a mais quente, Gilavar, soprando do sul, e a fria, Khazri, descendo do norte.
  • Baku já fez parte do Império Persa e da extinta União Soviética. Por estar em uma posição estratégica do Mar Cáspio, já foi invadida várias vezes.
  • Não há uma certeza sobre a origem do nome. Em persa, é a “cidade fustigada pelo vento”. Em turco, seria a “cidade principal”. Mas há a crença local de que também pode ser “montanha de Deus”.
  • Os azerbaijanos consideram os turcos como irmãos. Um ditado bem comum nas ruas de Baku, onde se vê muitas bandeiras da Turquia, é “um povo, duas nações”.
  • Para entrar no Azerbaijão, é necessário visto prévio. O pedido pode ser feito on-line. O requerente deve entrar no site da embaixada e preencher o formulário eletrônico, em inglês.

Turismo gastronômico

A gastronomia é um dos pontos altos da visita a Baku. Um banquete de cores e aromas. Desde os pequenos restaurantes até os estrelados, a atração principal é o plov, o prato nacional do Azerbaijão, feito com arroz, carne de cordeiro, legumes e especiarias. Geralmente, é servido com salada e chá preto, acompanhados do chorek, o pão típico da região. É assado e servido um sobre o outro.

A dolma, que são folhas de repolho recheadas com carne moída e especiarias, e o kutab, uma massa assada bem fininha recheada com carne e abóbora, também estão presentes nos cardápios. Talvez só não sejam figurinhas menos carimbadas do que o dovga, uma deliciosa sopa feita com iogurte, espinafre, arroz e ervas aromáticas. É servida tanto quente (que eu particularmente preferi) quanto fria, e consumida no café da manhã, almoço e jantar. Imperdível.

Outra tradição no Azerbaijão são os chás. Estão disponíveis em todos os cafés e restaurantes. Custam entre 0,5 manat (algo como R$ 1,50) e 2 manats (R$ 6). O mais famoso é o preto, normalmente consumido após as refeições e no meio da tarde.

Veja cinco points imperdíveis em Baku

Calçadão

Caminhar pela Baku Boulevard é um passeio obrigatório. Com uma história de mais de 100 anos, uma época em que os barões do petróleo ergueram mansões de frente para o Mar Cáspio, o calçadão é repleto de atrações, como restaurantes e quiosques.

Centro Cultural Heydar Aliyev

É um local que surpreende pela arquitetura e exposições, com boa parte delas dedicada a contar a história do Azerbaijão, com esculturas, tapetes, maquetes de prédios antigos e modernos. Tem um estilo único e inconfundível.

Centro histórico

Conhecida como a Cidade Velha, é a parte viva da história de Baku. Reserve uma tarde para caminhar pelas ruas de paralelepípedo, o primeiro sítio histórico no Azerbaijão a ser classificado como Patrimônio Mundial pela Unesco. É o local ideal para comprar as lembranças da viagem, como os imãs de geladeira e doces azerbaijanos. Não deixe de visitar o Palácio Shirvanshahs. É importante também levar dinheiro em espécie, nem todos os comerciantes aceitam cartões.

Flame Towers

Um símbolo da pujança financeira do Azerbaijão. São três arranha-céus que simbolizam o fogo. A torre mais alta tem 182m de altura. À noite, o espetáculo de cores dá o tom. Como são bem altas e vistas de quase toda a cidade, é possível apreciar o show noturno à distância.

Parque Nacional de Gobustan

Abriga milhares de gravuras rupestres que datam de até 10.000 anos. Veja as representações de animais, pessoas e barcos e aprenda sobre a história da região. Vários guias turísticos oferecem o passeio. Normalmente, eles ficam na entrada da Cidade Velha. Vale reservar pelo menos umas três horas para a visitação.

* O jornalista viajou a convite do governo do Azerbaijão


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postado em 28/04/2024 07:07
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