
Mãos, braços e rosto. Natural que as pessoas optem por cuidar mais dessas partes do corpo, já que elas estão mais visíveis ao longo do dia. Um creme a mais, aquela skincare antes de dormir. Os cuidados são infinitos. No entanto, o que poucos sabem é que os pés, tão escondidos pelos sapatos, também precisam de uma atenção especial, especialmente pelas andanças diárias e pelo sofrimento com a rotina. Por isso, um olhar redobrado pode ser importante para evitar sérios problemas.
De acordo com a especialista em clínica médica Karoline da Cunha Oliveira, a melhor forma de cuidar da saúde dos pés é cuidando do corpo como um todo: exercitando-se, alimentando-se e hidratando-se adequadamente, evitando cigarro, excesso de peso e, na presença de doenças crônicas instaladas, mantê-las em controle com acompanhamento médico. "Para além disso, posso ressaltar que o exame clínico regular dos pés, realizado pelo profissional de saúde podólogo, é imprescindível para a manutenção da integridade dos pés", afirma.
Isso se faz essencial, segundo a profissional, pois cuidados especializados podem ser realizados, como hidratação profunda, esfoliação com produtos específicos, desgaste de calosidades, corte técnico de unhas e resolução de onicocriptose, que são as temidas e dolorosas unhas encravadas. Ademais, estar sempre atento aos calçados, ainda que eles sejam bonitos, é importante, já que muitos podem trazer dores e outros prejuízos aos pés.
"Como costumamos dizer: 'os pés não mentem'. Eles contam tudo, inclusive, sobre o uso de sapatos inadequados, de bicos finos, de saltos excessivamente elevados, ausência de palmilhas amortecedoras, sapatos fechados sem escape de ar, que deixam os pés úmidos e abafados por todo o dia, são exemplos de inadequações que devemos evitar, na medida do possível", explica.
Essa recomendação, na avaliação da médica, é ainda mais crucial para pessoas com diabetes, já que esses indivíduos podem ter alterações na sensibilidade dos pés, impedindo-os de serem alertados pela dor. Assim, ao usarem sapatos que julgam ser confortáveis — por não apresentarem nenhuma queixa — algumas lesões poderão ser geradas, sem que eles saibam.
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Atenção redobrada
Mais do que notar o grito dos próprios pés, Lucimelia Queiroz, técnica em podologia, ressalta a importância de o indivíduo estar sempre em contato com um profissional da área, realizando exames que identifiquem o surgimento de determinadas patologias. "Manter a higiene, a hidratação e os calçados adequados é fundamental", acrescenta. E, clinicamente falando, existem formas específicas de identificar tais doenças.
Avaliação da pele, lâminas, palpação e testes de baropodometria, pressão plantar — força referida sobre a planta do pé em contato com o chão — são alguns dos exames recomendados pelos especialistas. Segundo a técnica em podologia, existe uma lista de doenças que podem aparecer, caso o paciente não busque um cuidado adequado no que se refere à saúde dos pés.
"Unhas encravadas (onicocriptose), micose, verrugas plantares, conhecidas como olho de peixe, unhas atrofiadas, fissuras, calos e calosidades estão entre as queixas mais comuns no consultório", destaca Lucimelia. Assim, é necessário estar atento a sintomas como dor, inchaço, vermelhidão, secreção, pus, além de deformidades e dificuldades para andar.
As temidas rachaduras
Outro problema comum nos pés, sobretudo no inverno, são as rágades calcâneas, mais conhecidas como rachaduras. De acordo com a médica Karoline da Cunha, a região do calcanhar sofre atrito e está sob pressão o dia inteiro, propiciando o desenvolvimento de uma camada queratinizada mais espessa na região que pode evoluir com interrupção da continuidade da pele no local, abrindo as chamadas rachaduras.
"Especialmente em locais secos, como o Distrito Federal, a hidratação intensa de calcanhares com produtos apropriados para pés é de suma importância para a manutenção da flexibilidade e elasticidade da proteção cutânea nos calcanhares e, dessa forma, evitando o aparecimento e o agravamento do problema", detalha a profissional.
No entanto, em alguns casos, o desgaste do excesso de tecido no local deve ser realizado por profissional especializado, para amenizar o problema. Além da questão estética, as rachaduras constituem uma porta de entrada para microrganismos, podendo evoluir para sangramentos, dores e infecções importantes e preocupantes, notadamente em pessoas com doenças crônicas e estados de imunodeficiência.
Possíveis complicações
As negligências aos cuidados com os pés são inúmeras e levam à perda de algo muito precioso: qualidade de vida. “Dores crônicas, dificuldade de locomoção, lesões cutâneas de difícil cicatrização que evoluem, inclusive, para infecções ósseas locais, micoses, perda de unhas, e condições mais simples, mas que também afetam o bem-estar no dia a dia: odor desagradável nos pés, condições inestéticas de unhas e calcanhares. Por isso tudo, cuidar e prevenir são as chaves para a saúde dos pés”, finaliza a médica Karoline da Cunha Oliveira.
O que fazer com o chulé?
Para minimizar esse incômodo evento, segundo a médica Karoline da Cunha, é imprescindível a manutenção de uma higiene adequada, o que inclui uso de meias sempre limpas, higienização regular de sapatos, lavagem diária dos pés com água e sabão, sobretudo esfregando bem entre os dedos. A secagem dos pés é um passo fundamental, pois a umidade é fator conhecidamente propício à proliferação de micro-organismos diversos, sobretudo, quando associada a abafamento e altas temperaturas, facilmente alcançadas ao uso de sapatos fechados por longos períodos. Há produtos cosméticos diversos que auxiliam no controle da sudorese e do mau cheiro nos pés, como talcos e sprays. Porém, na persistência do problema, é indicado procurar o profissional médico que possui um arsenal terapêutico para livrar o paciente deste problema, incluindo medicamentos tópicos, toxina botulínica para hiperidrose plantar (excesso de suor nos pés), entre diversos outros. Em resumo: há solução para o temido chulé! Procure um especialista para ajudá-lo, caso as medidas de autocuidado não resolvam.
Outras doenças
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