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Planetas habitáveis são comuns? O que a Nasa já descobriu sobre isso

O novo estudo diz que as condições para vida inteligente são raras, mas e para planetas que podem abrigar vida? Veja os achados da agência espacial

Nasa já descobriu dezenas de planetas nas regiões habitáveis
Nasa já descobriu dezenas de planetas nas regiões habitáveis
Crédito: freepik.com

Um novo estudo reacendeu uma das perguntas mais antigas da humanidade: estamos sozinhos no universo? A pesquisa sugere que, embora planetas com condições para abrigar vida possam ser abundantes na Via Láctea, o surgimento de civilizações inteligentes e tecnológicas seria um evento extremamente raro. Essa aparente contradição levanta um debate fascinante sobre o que a ciência já sabe e o que ainda busca.

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As descobertas da Nasa nas últimas décadas parecem apoiar a primeira parte dessa ideia. Com missões como o Telescópio Espacial Kepler e, mais recentemente, o TESS, a agência espacial confirmou a existência de mais de 5.500 planetas fora do nosso sistema solar, os chamados exoplanetas. Muitos deles oferecem pistas tentadoras de que os ingredientes para a vida, como a conhecemos, podem ser comuns no cosmos.

Leia: Novo planeta gigante desafia tudo o que a ciência conhecia sobre exoplanetas

O que torna um planeta habitável?

A busca por vida extraterrestre começa com a identificação de mundos na “zona habitável”, uma região ao redor de uma estrela onde a temperatura é ideal para a existência de água líquida na superfície. Essa condição é considerada essencial para a vida como a conhecemos. No entanto, estar nesse local privilegiado do espaço é apenas o ponto de partida.

Leia: Exoplaneta a 40 anos-luz da Terra pode ter condições adequadas para a vida

Um planeta verdadeiramente habitável precisa de muito mais. Uma atmosfera densa o suficiente para proteger a superfície de radiação nociva e regular a temperatura é fundamental. Também é importante ter um campo magnético para desviar ventos solares que poderiam varrer a atmosfera para o espaço. O tamanho e a massa do planeta também contam: se for muito pequeno, não consegue reter a atmosfera; se for grande demais, pode se tornar um gigante gasoso sem superfície sólida.

Outro fator crucial é a estabilidade de sua estrela. Estrelas muito ativas, que emitem grandes e frequentes explosões de radiação, poderiam esterilizar qualquer forma de vida que tentasse surgir em seus planetas. Por isso, a busca se concentra em estrelas mais calmas e de vida longa, semelhantes ao nosso Sol.

Os achados da Nasa na caça por exoplanetas

O trabalho da Nasa transformou a busca por planetas habitáveis de ficção científica em uma área concreta da astronomia. O Telescópio Kepler, lançado em 2009, foi um pioneiro, revelando que os planetas são mais comuns que as estrelas em nossa galáxia. Ele encontrou milhares de candidatos, mostrando que mundos rochosos do tamanho da Terra não são uma raridade.

Seu sucessor, o TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), continua essa missão, examinando estrelas mais próximas e brilhantes. Essa estratégia é intencional, pois facilita o trabalho de outros observatórios, como o Telescópio Espacial James Webb, que podem analisar esses mundos com mais detalhes. Até hoje, dezenas de exoplanetas rochosos foram encontrados dentro da zona habitável de suas estrelas.

Candidatos promissores a um novo lar

Alguns sistemas planetários descobertos se destacam como laboratórios naturais para o estudo da habitabilidade. O mais famoso talvez seja o TRAPPIST-1, localizado a cerca de 40 anos-luz de distância. Ele abriga sete planetas do tamanho da Terra, dos quais pelo menos três estão na zona habitável. A proximidade deles com sua pequena e fria estrela significa que eles completam uma órbita em questão de dias.

Outro candidato notável é Proxima Centauri b, o exoplaneta mais próximo de nós, a apenas 4,2 anos-luz de distância. Ele orbita uma estrela anã vermelha e, embora esteja na zona habitável, sua estrela é conhecida por emitir fortes erupções de radiação, o que representa um desafio para a potencial existência de vida. Há também o Kepler-186f, o primeiro planeta do tamanho da Terra encontrado na zona habitável de outra estrela.

A próxima fronteira: o Telescópio James Webb

A descoberta desses mundos é apenas o primeiro passo. O grande desafio agora é descobrir do que são feitas suas atmosferas. É aqui que entra o Telescópio Espacial James Webb (JWST). Com seu espelho gigante e instrumentos de alta precisão, o Webb pode analisar a luz de uma estrela que passa pela atmosfera de um exoplaneta.

Essa análise permite identificar a composição química da atmosfera, procurando por “bioassinaturas”. Trata-se de gases como oxigênio, metano e vapor de água, que, em certas combinações, podem indicar a presença de processos biológicos. A detecção dessas moléculas não seria uma prova definitiva de vida, mas representaria a evidência mais forte já encontrada de que não estamos sozinhos.

As investigações do Webb sobre sistemas como o TRAPPIST-1 já estão em andamento. Os primeiros resultados ajudam os cientistas a entender se esses planetas rochosos conseguiram manter suas atmosferas ou se elas foram destruídas pela radiação de suas estrelas. Cada nova observação nos aproxima de responder se a vida, em qualquer forma, é um fenômeno comum ou uma anomalia cósmica.

O que é um planeta habitável?

É um planeta que possui as condições certas para a existência de vida, começando pela presença de água líquida.

Para isso, ele precisa estar na “zona habitável” de sua estrela, nem muito perto nem muito longe.

Apenas a água líquida é suficiente?

Não. Um planeta habitável também precisa de uma atmosfera para proteção e regulação de temperatura.

Um campo magnético para desviar radiação e um tamanho adequado também são considerados essenciais.

Quantos planetas potencialmente habitáveis a Nasa já encontrou?

A Nasa confirmou mais de 5.500 exoplanetas. Desses, dezenas são rochosos e estão na zona habitável.

Sistemas como o TRAPPIST-1, com múltiplos planetas potencialmente habitáveis, são alvos prioritários de estudo.

O que o Telescópio James Webb procura nesses planetas?

O Webb analisa a atmosfera dos exoplanetas em busca de “bioassinaturas”, que são sinais químicos de vida.

Ele procura por gases como oxigênio, metano e vapor de água, cuja presença combinada pode indicar atividade biológica.

Se planetas habitáveis são comuns, por que não encontramos vida?

Encontrar um planeta habitável não garante que ele tenha vida. As condições para o surgimento da vida podem ser raras.

Além disso, a vida pode ser apenas microbiana. O salto para uma civilização inteligente, como sugere o novo estudo, pode ser um evento muito mais raro.

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