
Nem tanto ao mar nem tanto à terra. A gastronomia do nordeste do Brasil tem se destacado nacionalmente pelo novo momento de redescobertas de insumos, valorização de nomes locais, e uma belíssima interação com a diversidade da culinária brasileira de outros cantos do país. Das praias mais encantadoras às belezas e rusticidades do sertão, nasce a Rota dos Pescados, um movimento que reascende a discussão sobre as novas faces da gastronomia no país.
Entre dos dias 26 a 30 de agosto, quatro jantares marcarão pontos estratégicos do que seria uma verdadeira rota pelos pescados alagoanos. Em Milagres, o restaurante Tahara terá como anfitrião o chef Roger Lima e como convidado o chef Kaywa Hilton da Bahia e ainda a participação do chef Lucas Nogue, do “No Quintal”.
Em Maceió, a rota passa por dois grandes nomes da gastronomia local: o tradicional restaurante de pescados Akuaba, onde o chef Jonatas Moreira recebe Gustavo Rinkevich, do Rio de Janeiro. E também por uma das mais novas casas que chegou num patamar bem elevado na discussão sobre os pescados alagoanos, trabalhando com peixes locais maturados e na brasa, o Mahr Gastronomia, onde o chef Rafael Benamor recebe Monique Gabiatti, também do Rio.
De Milagres às margens do São Francisco
A rota segue para uma das regiões mais incríveis do turismo brasileiro. Na divisão com o estado de Sergipe, onde as cidades de Piranhas e Canindé de São Francisco contam as histórias de um país imperial, enebriado pelas belezas do Rio São Francisco. É nesse contexto de pura poesia que o restaurante Nalva – que na minha breve e singela opinião tem uma das cozinhas mais incríveis do Brasil nas mãos do chef Antônio Mendes – que na ocasião receberá os ilustríssimos Fabrício Lemos e a queridíssima Lisiane Arouca (a rainha das sobremesas mais simples e sofisticadas que você poderá provar).
Esse é um grande encontro que enaltece a gastronomia alagoana, mas principalmente muda as rotas do que é gastronomia brasileira. Chefes alagoanos, cariocas, baianos debruçados sobre pescados que retratam o reconhecimento de identidades. Não é a busca por algo, é o reconhecimento do que a gastronomia alagoana tem de melhor.
As águas do Velho Chico que desembocam nos mares de Alagoas não poderiam estar tão bem prestigiadas, com nomes que dedicam suas trajetórias à boa gastronomia e a pluralidade dos insumos brasileiros. Lembro uma vez em Florianopólis, quando provei uma sobremesa de Lisiane Arouca, no Osli Restaurante, que homenageava as festas juninas. Era um bolinho de fubá, doce de leite com um crocante que parecia explodir na boca, como bombinhas de São João. É essa explosão na boca que a alma percebe e se encanta com o que a gente tem de melhor para oferecer ao mundo: uma rota de criatividade. Viva os pescados alagoanos! Bravo!
Thiago Paes é colunista de viagem e gastronomia. Apresentador de TV no canal Travel Box Brazil e Amazon Prime. Está nas redes sociais como @paespelomundo. Press: contato@paespelomundo.com.br
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