
Chegamos à época do ano em que o calor predomina. No Sudeste do Brasil, onde vivo e escrevo, as primaveras estão cada vez mais quentes e marcadas por pancadas de chuva intensas, que assustam moradores e visitantes. Basta o céu escurecer para que surja a dúvida: será apenas uma chuva passageira ou uma tempestade capaz de inundar ruas e bairros inteiros? Esses eventos extremos já não são exceções — são sinais evidentes das mudanças climáticas que afetam diretamente o nosso modo de viver, de viajar e de nos relacionar com o ambiente.
O turismo, embora seja uma atividade que aproxima pessoas, culturas e paisagens, também tem um papel relevante nesse cenário. Estudos apontam que as emissões de dióxido de carbono (CO?) provenientes do turismo estão concentradas em três principais subsetores: transporte, hospedagem e atividades turísticas. Juntos, eles são responsáveis por cerca de 4,9% das emissões globais de gases de efeito estufa. Esse dado nos convida a refletir sobre o impacto das nossas escolhas e a buscar alternativas mais sustentáveis para viajar.
Com a realização da COP 30, que está sendo realizada em Belém (PA) neste ano, o mundo volta seus olhos para a Amazônia — e com razão. O evento reforça a urgência de discutir o papel do Brasil e, especialmente, do turismo, na agenda climática global. A COP 30 será uma oportunidade para repensar práticas, compromissos e políticas que conciliem desenvolvimento econômico, inclusão social e preservação ambiental. Nesse contexto, o turismo sustentável ganha ainda mais relevância, pois conecta diretamente a experiência de viajar com o dever de proteger os ecossistemas e valorizar as comunidades locais.
As mudanças climáticas, a longo prazo, podem alterar profundamente a experiência turística. O aumento das temperaturas, a escassez de água e os eventos climáticos extremos afetam destinos, comunidades locais e até a segurança dos visitantes. Um destino turístico que antes era conhecido por suas belas praias pode sofrer com erosão costeira; uma trilha ecológica pode se tornar inviável devido ao calor excessivo ou à perda de biodiversidade.
Mais do que uma tendência, o turismo responsável representa uma mudança de mentalidade. Cada viagem pode ser uma oportunidade de aprendizado, de reconexão com a natureza e de valorização das culturas locais. Quando o viajante se envolve com as comunidades, compreende seus desafios e respeita seus modos de vida, o turismo se torna uma ferramenta de transformação. Ao promover a educação ambiental e o consumo ético, cada turista ajuda a construir um futuro em que viajar e preservar caminham lado a lado.
Desde a minha graduação, sempre me interessei e estudei sobre sustentabilidade e turismo responsável. Acredito que esses temas são fundamentais e precisam ser constantemente debatidos, divulgados e apresentados a todos — viajantes, profissionais do setor e sociedade em geral. Falar sobre sustentabilidade é, acima de tudo, incentivar um olhar mais consciente sobre o mundo e sobre o impacto que cada um de nós causa ao explorar seus caminhos.
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Nesse contexto, a responsabilidade compartilhada é essencial. Governos e empresas do setor têm buscado certificações e selos de turismo sustentável, que reconhecem práticas alinhadas à preservação ambiental e ao desenvolvimento social. No entanto, o papel do turista consciente é igualmente importante. Adotar uma postura responsável significa minimizar os impactos individuais, fazendo escolhas que reduzam o consumo de recursos naturais e contribuam para a preservação dos destinos.
Pequenas atitudes fazem diferença: optar por meios de transporte menos poluentes, valorizar produtos e serviços locais, evitar o desperdício de água e energia, reduzir o uso de plásticos descartáveis e respeitar as culturas e comunidades visitadas. Viajar de forma sustentável é, acima de tudo, um ato de cuidado com o planeta, com as pessoas e com as próximas gerações.
Sustentabilidade não é moda, é destino e em tempos de mudanças climáticas, ser um turista responsável não é mais uma opção: é uma necessidade.
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