
Quando estive a primeira vez no Centro de Referência do queijo e conheci o projeto INHAC fique impressionado com o investimento numa cozinha moderna, equipamentos de alta qualidade. Tudo em benefício de pessoas que vivem em regiões sem acesso a tamanha tecnologia. Já no interior do Paraná, um movimento muito interessante e que já nasceu grande em propósito recruta pequenos empreendedores para produzir queijos finos e que já recebem prêmios em competições mundiais. O que esses dois exemplos têm em comum? A vocação social, o compromisso com algo que vai além dos parâmetros comerciais e deixam um legado que é um exemplo na concretização da justiça social.
Para sermos didáticos, o INHAC – Instituto de Hospitalidade e Artes Culinárias tem uma proposta bem simples: aulas de culinárias com grandes professores e chefs renomados, para a população de comunidades de Belo Horizonte. os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) são uma experiência inesquecível para os alunos. Eles são desafiados a criar, do zero, um restaurante completo que funcionará por uma única noite. Cada turma desenvolve o próprio conceito e é responsável por tudo: nome, identidade visual, divulgação, cardápio, plano de negócios, execução do serviço e recepção dos convidados. Oportunidade perfeita para colocar em prática tudo aquilo que aprenderam ao longo do curso.
Aulas no Centro de Referência do Queijo
“É sempre um momento de muita emoção e celebração — a concretização de um sonho para cada um deles. Neste ano, tivemos quatro restaurantes, todos com convites esgotados em tempo recorde e com grande repercussão na mídia e nas redes sociais! Orgulho imenso dos nossos alunos e do nosso time de professores. E gratidão às empresas e parceiros que tornam tudo isso possível, investindo em uma educação que transforma vidas!” analisa Sarah Rocha cofundadora e diretora executiva do projeto que abriga também o Centro de Referência do Queijo.
O INHAC promove transformação social por meio da gastronomia. É aquele lugar de acolhimento, de trabalho em equipe, de sentimento de coletividade e tudo permeado pelo imaginário culinário mineiro, entre queijos e goiabadas, receitas que contam a história de lugares, de referências femininas, de pessoas transformadoras. É um projeto que nasce de pessoas altruístas e extraordinárias que contam com parceiros patrocinadores capazes de concretizar essa transformação.
Do Oeste do Paraná para o Mondial du Fromage
De outra banda, os queijos finos do Biopark no Paraná é um projeto que nasce do patrocinador com foco na transformação empreendedora de pequenos produtores. O Biopark de Toledo, PR, é um parque científico e tecnológico de biociências que funciona como um ecossistema de inovação e desenvolvimento em uma área de mais de 5 milhões de m². Ele engloba um polo de tecnologia com empresas, um centro de pesquisa, quatro universidades, áreas residenciais, comerciais e industriais, e tem como objetivo impulsionar a pesquisa, a educação e o desenvolvimento de negócios na região do Oeste do estado.
O Biopark é projetado para ser uma “cidade inteligente” com soluções tecnológicas. Ele oferece uma trilha empreendedora completa para empresas, desde a concepção da ideia até a aceleração do negócio, com suporte de mentoria e laboratórios. Desse ecossistema nasce o projeto dos queijos finos. Queijos que são desenvolvidos no Laboratório Biopark Educação, um projeto que visa capacitar produtores locais e fomentar a criação de produtos de alto valor agregado.
World Cheese Awards
Pequenos produtores queijeiros participam, gratuitamente, desse projeto que envolve alta tecnologia e processos agrícolas. A equipe do Biopark oferece assistência diária nas propriedades, que inclui acompanhamento da saúde dos animais e análise rigorosa da qualidade do leite, a matéria-prima essencial para queijos finos. Em laboratório, os especialistas do Biopark desenvolvem receitas (incluindo a adaptação de tipos internacionais ao clima local) e realizam testes sensoriais, microbiológicos e físico-químicos. Os pequenos produtores da região recebem treinamento e a produção é supervisionada por técnicos e engenheiros de alimentos, garantindo a qualidade e a segurança do produto final.
Embora o Biopark seja uma iniciativa privada, o projeto de queijos finos tem características de um projeto social, de extensão rural, pois busca transformar a realidade econômica de famílias produtoras que antes vendiam o leite in natura (com baixo valor agregado). Hoje colecionam prêmios internacionais, com medalhas de ouro, prata e bronze no Mondial du Fromage, por exemplo, uma das competições mais respeitadas do mundo no setor.
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O que os queijos do Biopark e as aulas do INHAC têm em comum? Seus idealizadores não poupam qualidade naquilo que oferecem aos envolvidos. Os melhores equipamentos, a melhor tecnologia, os melhores professores, técnicos, patrocinadores. Isso tudo envolve o amor pela transformação por meio de algo que toca a todas as pessoas, o ato de comer é também uma contação de histórias, que se reproduz em novas receitas. É como um elo, uma corrente fraterna que vai agregando novos componentes, e servindo aquilo que a gente mais deseja: novas oportunidades para uma vida cada vez melhor. Bravo!
Thiago Paes é colunista de viagem e gastronomia. Apresentador de Tv em Travel Box Brazil e Travel Food & Drinks. É jurado e integrante do comitê do Prêmio Bomgourmet. Está nas redes sociais como @paespelomundo Press: contato@paespelomundo.com.br
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