Foi um ano de profundas transformações sociais e políticas. No mundo todo, jovens foram às ruas, ditaduras apertaram o cerco, e as músicas se tornaram símbolo de protesto, amor e liberdade
CAMERA PRESS / Jane BrownO mundo assistia horrorizado à Guerra do Vietnã. Em 1968, os Estados Unidos sofrem um duro golpe com a 'Ofensiva do Tet', iniciada em janeiro pelos vietcongues. Apesar da superioridade militar americana, a ofensiva abalou a moral da tropa e a confiança da opinião pública. As imagens sangrentas chegavam à TV em tempo real, gerando protestos dentro e fora dos EUA
Google/Reprodu??oTchecoslováquia tenta respirar liberdade sob o jugo soviético. Alexander Dub?ek implementa reformas democráticas no regime comunista, num movimento conhecido como 'Primavera de Praga'. Mas a liberdade dura pouco: em agosto, tanques da União Soviética invadem Praga e reprimem brutalmente a tentativa de mudança
-Estudantes e trabalhadores tomam as ruas da França. O movimento começou com protestos estudantis contra o autoritarismo universitário, mas logo ganhou apoio de operários. Milhões cruzaram os braços. O país quase parou. 'Abaixo a sociedade de consumo!' ecoava entre barricadas e pichações nos muros
ReproduçãoO líder dos direitos civis é assassinado em abril. Martin Luther King Jr., defensor da luta pacífica contra o racismo, é morto em Memphis. O país explode em revolta, com distúrbios em mais de 100 cidades. O sonho de justiça social parecia mais distante
Reprodução/InternetDois meses após King, outro choque: morre Robert Kennedy. Candidato à presidência e irmão de JFK, Robert Kennedy também é assassinado em 1968. Jovens e progressistas viam nele a esperança de mudança. A comoção nacional foi imensa
ReproduçãoAutodefesa, resistência e crítica radical ao racismo. Os Panteras Negras ganham força, com sua retórica afiada e ações diretas. Exigiam fim da brutalidade policial e justiça para a população negra. Em 1968, o grupo virou símbolo da insatisfação ao sistema segregacionista dos EUA e luta pelos direitos das pessoas pretas
www.doladodeca.com.br/ReproduçãoEstudantes são massacrados dias antes das Olimpíadas. No dia 2 de outubro, o governo mexicano reprime brutalmente um protesto estudantil na Praça das Três Culturas. O número de mortos é incerto, mas estima-se que ultrapasse 300. O massacre ficou marcado como uma das maiores tragédias da repressão latino-americana
Reprodução1968 foi o ano mais tenso do regime militar. Manifestações estudantis se espalham pelo país. A repressão aumenta. O ponto de ruptura chega em 13 de dezembro, com a decretação do AI-5 — que dá plenos poderes à ditadura, fecha o Congresso, censura a imprensa e intensifica a tortura
Evandro TeixeiraA resposta da sociedade civil à violência do regime. Em junho, mais de 100 mil pessoas marcham no Rio de Janeiro, em protesto contra a ditadura e a morte do estudante Edson Luís, assassinado pela polícia. Foi a maior manifestação popular contra o regime até então
Jorge Bodanzky/DivulgaçãoEnquanto isso, a arte brasileira desafiava o regime. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e outros artistas da Tropicália misturam música popular, psicodelia e crítica social. A cultura vira forma de resistência — e incomoda tanto que Gil e Caetano são presos no fim do ano
F. Gualberto/CB/D.A PressLançada pelos Beatles, 'Hey Jude' se torna a música mais tocada do ano. Com mais de 7 minutos, era ousada para o rádio. Mesmo assim, conquistou o mundo. Paul McCartney compôs a canção para consolar o filho de John Lennon durante o divórcio dos pais. A letra acolhedora e a melodia épica tocaram milhões de corações em um ano de dor e incertezas.
AFPEm 1968, eles também lançam o 'Álbum Branco'. Um disco experimental e variado, que reflete tanto as tensões internas do grupo quanto as do mundo. Músicas como Revolution trazem críticas políticas, enquanto While My Guitar Gently Weeps expressa emoções profundas. A banda sintetizava os dilemas de uma geração
AFPAretha Franklin, Jimi Hendrix e Janis Joplin brilham em 1968. Aretha lança 'Think', hino de empoderamento. Hendrix toca no auge da sua genialidade. Janis Joplin emociona com sua voz rasgada. Todos eles expressam, à sua maneira, o espírito de contestação e liberdade da época
ZetaFilmes/ReproducaoPorque seus ecos ainda ressoam nas lutas, na cultura e nas ruas. As causas de 1968 — liberdade, igualdade, justiça, voz para a juventude — continuam vivas. Foi um ano que moldou o presente. E que a música ajuda a nos lembrar da importância dessa época
Jose Varella/CB/D.A Press