O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou o Brasil na mira de uma nova investigação comercial. O motivo? Supostas práticas desleais que estariam prejudicando empresas americanas, e entre elas, está o Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil
Getty Images via AFPA investigação foi aberta nesta terça-feira (15/7) pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, em inglês), com base na Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana. A legislação permite que o governo dos Estados Unidos imponha tarifas ou sanções contra países que adotam práticas consideradas 'injustificáveis ou discriminatórias' no comércio
Além do Pix, o documento cita outras preocupações: a popular rua 25 de Março, em São Paulo, conhecida por ser um dos maiores polos de comércio popular do país, foi mencionada como um centro histórico de pirataria. O USTR acusa o Brasil de falhar no combate à venda de produtos falsificados, consoles modificados e dispositivos de streaming ilegais
Segundo o governo norte-americano, o Pix estaria favorecendo serviços controlados pelo governo brasileiro e dificultando a atuação de empresas americanas no setor de pagamentos digitais. Apesar de o documento, publicado por Trump na Truth Social, não citar diretamente o nome 'Pix', a referência a 'serviços eletrônicos de pagamento desenvolvidos pelo governo' deixa clara a alusão ao sistema
Trump também se queixa da forma como o Brasil tratou empresas como o WhatsApp, que teve o serviço de pagamento temporariamente suspenso em 2020, por decisão do Banco Central e do Cade. Em 2023, a plataforma chegou a relançar o recurso, mas em dezembro do mesmo ano, desativou a função de transferência, priorizando transações feitas pelo Pix
Entre os outros pontos da investigação, os EUA citam ainda a aplicação de tarifas consideradas injustas contra produtos americanos, a falta de fiscalização contra corrupção, a pouca proteção à propriedade intelectual e o desmatamento ilegal, que, segundo o relatório, prejudica produtores agrícolas e madeireiros dos EUA
O sistema Pix, lançado em 2020, se tornou um fenômeno no Brasil. Em 2024, movimentou mais de R$26 trilhões, um crescimento de 54,6% em relação ao ano anterior
As transações já superam o uso de cartões e boletos, o que aumenta a preocupação de empresas internacionais que atuam no setor financeiro
Para Trump e seus aliados, o avanço do Pix estaria criando obstáculos para empresas dos EUA, especialmente em um momento em que tentam emplacar seu próprio sistema de pagamentos instantâneos, o FedNow. Com isso, o governo americano avalia possíveis medidas de retaliação comercial, como aumento de tarifas, restrições a produtos brasileiros ou até sanções específicas