A data celebra não apenas o nascimento de um artista, mas de um dos grandes inovadores da linguagem cinematográfica, cujo talento atravessou gerações e influenciou nomes como o ator francês Jacques Tati e, mais recentemente, o diretor Wes Anderson.
Nascido no estado americano do Kansas, ele descendia de ingleses e alemães por parte da mãe, e de escoceses e irlandeses por parte do pai.
Ele foi contemporâneo de Charles Chaplin. Durante anos, alimentou-se a ideia de rivalidade entre os dois, mas, na verdade, havia respeito e admiração mútuas.
O encontro dos dois maiores comediantes do cinema mudo ficou registrado em “Luzes da Ribalta”, de 1952, quando Chaplin convidou Keaton para uma participação especial.
Desde cedo, Keaton esteve envolvido com o universo do espetáculo, acompanhando os pais em apresentações de vaudeville - teatro de variedades bastante popular à época.
O contato precoce com o palco e com o humor físico moldou não apenas seu talento, mas também sua capacidade de transformar quedas, tropeços e situações arriscadas em momentos de pura genialidade cômica.
Uma curiosidade de sua trajetória é que ele serviu o exército americano durante a Primeira Guerra Mundial, sendo enviado à França, o que provocou uma curta interrupção em sua carreira.
Uma lenda sustenta que ele ganhou o apelido de Keaton aos dois anos. O epiteto teria sido atribuído pelo mágico Harry Houdini, amigo de sua família, que presenciou uma queda do garoto de apenas seis meses e exclamou que ele havia levado um “belo tombo” - “buster” no inglês coloquial.
No cinema, Buster Keaton construiu uma persona única. Conhecido como “O Homem que Nunca Ri”, ele se destacava por seu semblante impassível, mesmo nos momentos mais absurdos de suas tramas.
Esse contraste entre a expressão séria e o caos que o cercava criava um humor refinado, baseado na lógica visual e na precisão dos movimentos.
Além de ator, Keaton foi também diretor, roteirista e um mestre das acrobacias, dispensando dublês e arriscando a própria integridade física em cenas que se tornaram históricas.
Entre suas obras mais memoráveis estão “Sherlock Jr.”, de 1924,, onde interpreta um projecionista que mergulha literalmente dentro da tela de cinema, e 'O Navegador', do mesmo ano, que foi um enorme sucesso comercial.
Outra produção marcante é “A General”, de 1926, considerado por críticos uma obra-prima da sétima arte.
Em “A General”, Keaton uniu comédia, romance e cenas de ação elaboradas em torno de uma locomotiva, demonstrando não apenas habilidade técnica, mas também uma visão narrativa sofisticada que antecipava recursos explorados por Hollywood décadas mais tarde.
No entanto, a carreira de Keaton não foi marcada apenas por sucessos. Com a chegada do cinema falado, seu estilo encontrou dificuldades em se adaptar.
Problemas pessoais, incluindo um fim turbulento de casamento com a atriz Natalie Talmaday, com quem teve dois filhos, e o alcoolismo, contribuíram para um período de declínio profissional. Ele teve outras duas uniões, com Mae Scriven, entre 1933 e 1936, e Eleanor Norris, de 1940 até sua morte.
Apesar disso, Keaton nunca deixou de trabalhar, ainda que em papéis menores ou participações especiais em produções televisivas.
O último filme de Buster Keaton foi “The Railrodder”, um curta-metragem de 1965 que foi rodado no interior do Canadá.
Buster Keaton morreu em Los Angeles, na Califórnia, no dia 1º de fevereiro de 1966, aos 70 anos de idade, vítima de câncer de pulmão.