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Fundado por João Nogueira, Clube do Samba se torna patrimônio do Rio


Fundado pelo cantor João Nogueira, em 1979, o Clube do Samba foi declarado Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Rio pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Nesse sentido, a esposa do artista, Ângela Nogueira, celebrou a importância da medida.

Por Lance
- Reprodução do Youtube Canal Antonio Aury de Macêdo Torquato

O movimento se tornou um espaço de promoção da cultura popular e contou com a participação de grandes artistas da música brasileira. Entre eles, Beth Carvalho, Clara Nunes, Cartola, Dona Ivone Lara, Bira Presidente, Alcione, Martinho da Vila e Gilberto Gil.

Reprodução de vídeo Globoplay

'Para nós, é de uma alegria muito grande, porque com isso, podemos ampliar todos os projetos que temos, porque sempre tem essa questão burocrática', afirmou Ângela Nogueira ao Jornal O Dia.

Reprodução do X @FotosDeFatos

'Sendo um patrimônio cultural e imaterial, facilita muito para captar recursos, dar seguimento aos projetos, oficinas de música, arte e quero ampliar para esporte. Tem o bloco, os bailes, as rodas de samba. Isso tudo facilita. Dá uma satisfação de que valeu a pena', completou.

Reprodução do Facebook Arquivo do Samba

'O João era muito firme, desde 1979, colocando o samba para ele se projetar cada vez mais. O Clube do Samba foi uma das alavancas para que o samba pudesse estar no patamar que está hoje', frisou.

Divulgação

'Enorme satisfação de conduzir, junto com minha família, esse legado tão lindo deixado pelo meu pai. É também uma grande vitória para o samba e para todos que mantêm viva essa cultura', afirmou Diogo Nogueira, também ao O Dia.

Reprodução do Instagram @sambistasdecorpoealma

Nascido no Rio de Janeiro, João Nogueira cresceu em um lar com forte influência musical, ao aprender a tocar violão e a compor ainda jovem, com a ajuda de sua irmã Gisa Nogueira.

Reprodução do Facebook Madureira: Ontem e Hoje

João Nogueira começou a compor aos quinze anos para o bloco carnavalesco Labareda, do Méier, através do qual conheceu o músico Moacyr Silva, dirigente da gravadora Copacabana. Ele o ajudou a gravar o samba Espere, Ó Nega, em 1968.

Reprodução do Youtube

Ganhou notoriedade nacional nos anos 1970 com o samba 'Das 200 Para Lá' (1970), que defendia a expansão da plataforma continental brasileira e foi gravado por Eliana Pittman.

Reprodução do Instagram @sambistasdecorpoealma

Seu primeiro disco foi um compacto simples com 'Alô Madureira e Mulher Valente'. Em 1969, Elizeth Cardoso gravou seu 'Corrente de Aço', no disco Falou.

Reprodução de vídeo TV Globo

Ele se tornou conhecido por sua facilidade em transitar pelos subgêneros do samba e por seu estilo próprio, além de sua voz de timbre grave.

Reprodução do Instagram @silviocesarcantoroficial

Teve parcerias musicais marcantes, principalmente com o compositor Paulo César Pinheiro, com quem escreveu obras-primas como 'Súplica', 'Poder da Criação' e 'Minha Missão'.

Imagem: Acervo MIS

Desse modo, suas letras abordam a boemia do Rio de Janeiro, a crítica social, a política e o cotidiano, com humor, sensibilidade e crítica social.

Reprodução do Youtube Canal TV Cultura

João Nogueira era membro da tradicional Portela, sendo integrante de sua ala de compositores. Ele também fez parte da Tradição, quando algumas alas da Portela se desmembraram para fundá-la. Mais tarde, voltou à sua querida escola e reapareceu nos desfiles.

Reprodução do Youtube Canal Samba Gente Boa

Outros discos notáveis incluem 'Vem Quem Tem' (1975), 'Wilson, Geraldo, Noel, João Nogueira' (1981) e 'Pelas terras do pau Brasil' (1984).

Reprodução do Instagram @sambistasdecorpoealma

A fundação do Clube do Samba, em 1979, foi um ato de resistência para valorizar o samba em um período de desprestígio do gênero.

Reprodução do Instagram @mpb_bossa

Seu legado é o de um defensor do samba de raiz e da cultura popular, que inspirou a continuidade do Clube do Samba e a carreira de seu filho, o sambista Diogo Nogueira.

Reprodução do Canal TV Cultura

Deixou também como legado dezoito discos e mais de 300 sambas escritos, que foram gravados por grandes artistas como Elis Regina e Clara Nunes.

divulgação

Uma das músicas mais cantadas de João, uma espécie de hino dos compositores, foi um sucesso do disco de 1980, 'Boca do Povo'. Trata-se de 'Poder da Criação', novamente com P. C. Pinheiro, seu parceiro mais constante da carreira.

Divulgação

João Nogueira teve quatro filhos: Iara, Tatiana, Clarisse e Diogo Nogueira. Diogo, o filho mais novo, seguiu os passos do pai e se tornou um reconhecido sambista e compositor.

Reprodução do Facebook Diogo Nogueira

'Meu pai foi um cara fundamental como pessoa e como artista. O sonho do meu pai era cuidar de crianças, dando aulas de música, teatro... e a gente mantém isso, o Clube do Samba tem um espaço para atender essas crianças', disse, Diogo.

Reprodução do X @FotosDeFatos

'Ele também lutava pela exaltação da música popular brasileira. Se hoje o Brasil é um dos países que mais consomem sua própria música e gêneros nacionais, tem a mão do meu pai nesse processo histórico de pertencimento', ponderou.

Reprodução do Facebook Cantora Clara Nunes Guerreira

Com uma carreira marcante no mundo do samba, João Nogueira faleceu em 5 de junho de 2000, aos 58 anos, vítima de um infarto, após ter sofrido um AVC.

Reprodução do Facebook Martinho da Vila

Após sua morte em 2000, diversas homenagens foram realizadas, como o lançamento do disco 'João Nogueira, através do espelho' com participação de outros sambistas, e o Centro Cultural João Nogueira, no Rio de Janeiro.

Reprodução do Youtube