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Lupicínio Rodrigues no Oscar? Família do compositor quer reconhecimento histórico


A família de Lupicínio Rodrigues segue lutando para que o cantor e compositor gaúcho obtenha o reconhecimento póstumo como indicado ao Oscar de 1945.

Por Lance
Domínio Público/Wikiméda Commons

Após a Warner recusar-se a assumir formalmente a participação de Lupicínio na trilha sonora do filme “Dançarina Loura”, o advogado norte-americano Miles Cooley enviou uma nova carta ao estúdio solicitando que seja feita uma reunião. As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

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O impasse gira em torno da canção “Se Acaso Você Chegasse”, um dos maiores sucessos da carreira do Lupicínio, que integra o longa de Frank Woodroof.

Museu Felizardo de Porto Alegre

A presença da canção na trilha do longa-metragem foi revelada pelo documentário 'Lupicínio Rodrigues: Confissões de um Sofredor', lançado no fim de 2022 pelo diretor Alfredo Manevy.

Museu Felizardo de Porto Alegre

A trilha sonora da produção concorreu à estatueta do Oscar na categoria específica, mas o nome de Lupicínio não foi incluído na indicação.

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A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, já orientou a família de que só poderá creditar o compositor após o reconhecimento oficial no próprio filme.

Downtowngal/Wikimedia Commons

Em resposta inicial, a Warner alegou que a música teria sido devidamente licenciada e que, nos anos 1940, era comum não dar crédito a autores nesse tipo de situação. Cooley, que representa a família, contestou os dois pontos, destacando que não há provas de licenciamento e que a ausência de créditos não justifica a omissão histórica.

Reprodução do Youtube Canal Band Jornalismo

Nascido em 16 de setembro de 1914 em Porto Alegre, Lupicínio Rodrigues construiu uma trajetória que o tornaria uma das figuras mais marcantes da música popular brasileira.

Reprodução do Youtube Canal Band Jornalismo

Sua obra ganhou notoriedade pelo tom confessional e pela dramaticidade, especialmente ao tratar das dores e desilusões amorosas.

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Foi ele que popularizou a expressão “dor-de-cotovelo”, termo que passou a simbolizar o sofrimento sentimental tão presente em suas letras.

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Lupicínio transformava perdas e decepções amorosas em músicas de grande apelo popular, criando um estilo inconfundível dentro do samba-canção. Entre os temas mais recorrentes de sua produção estavam o amor não correspondido, a traição, a saudade e o desencanto.

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Apesar da paixão pela música, Lupicínio manteve por muitos anos uma vida profissional paralela. Ele trabalhou como bedel na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul entre 1935 e 1947, período em que conciliava as funções administrativas com as noites dedicadas à boemia e à composição.

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Boêmio por natureza, tornou-se também proprietário de bares, restaurantes e churrascarias em Porto Alegre, sempre frequentados por músicos, amigos e admiradores.

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Sua carreira artística ganhou força a partir da década de 1940, quando suas canções começaram a ser gravadas por grandes intérpretes. Sua obra foi gravada por nomes importantes da música brasileira, como Francisco Alves, Elza Soares, Jamelão, Paulinho da Viola - na foto -, Gal Costa e Adriana Calcanhoto.

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Ao longo da vida, ele compôs cerca de 150 músicas registradas oficialmente, embora as estimativas sejam de que seu repertório tenha sido bem mais amplo, com obras que se perderam sem registro.

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Entre os sucessos mais conhecidos de seu cancioneiro estão “Se Acaso Você Chegasse”, “Cadeira Vazia”, “Felicidade”, “Maria Rosa”, 'Nervos de Aço' e “Quem Há de Dizer”.

Reprodução do Youtube Canal É Arquivo é Canal 8

Lupicínio também deixou sua marca no futebol. Torcedor apaixonado do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, compôs em 1953 o hino oficial do clube, que se inicia com os famosos versos: “Até a pé nos iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos com o Grêmio onde o Grêmio estiver”.

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Seu retrato integra a Galeria dos Gremistas Imortais, no salão nobre do clube, reforçando a ligação afetiva entre sua música e a identidade cultural gaúcha.

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Ao contrário de muitos artistas de sua geração, Lupicínio raramente deixou Porto Alegre. Exceto por uma viagem ao Rio de Janeiro em 1939, viveu a maior parte da vida em sua cidade natal, onde construiu laços sólidos com a comunidade cultural e boêmia local.

Reprodução do Youtube Canal calulinho

Lupicínio Rodrigues casou-se em 1949 com Cerenita Quevedo Azevedo, com quem teve um filho, Lupicínio Rodrigues Filhos. Juntos, eles também criaram Tereza, filha de seu primeiro casamento com uma moça chamada Juraci.

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Nos últimos anos de vida, o compositor viveu com a família em uma chácara no bairro Cavalhada, em Porto Alegre, onde também atuou como fundador e representante da Sbacem, a Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música, no Rio Grande do Sul por quase três décadas.

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Ele faleceu em 27 de agosto de 1974, vítima de insuficiência cardíaca, poucos dias antes de completar 60 anos.

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