Com o aumento do nível do mar, o país europeu vem impulsionando o desenvolvimento de comunidades flutuantes como uma solução de adaptação resiliente.
O exemplo central é Schoonschip, comunidade flutuante em Amsterdã que sofreu com uma forte tempestade em 2022.
Na ocasião, o local permaneceu estável ao subir e descer com a água, reforçando a sensação de segurança dos moradores.
A busca por moradias desse tipo cresce em um paÃs que é densamente povoado e com grande parte do território abaixo do nÃvel do mar.
Hoje, a Holanda é pioneira e líder mundial neste conceito. Em Schoonschip, 30 casas flutuam com a água durante as tempestades, fixadas por pilares de aço, oferecendo segurança aos moradores.
Essa demanda crescente tem feito as autoridades holandesas a atualizar leis e incentivar a expansão das moradias flutuantes.
Projetos holandeses, inclusive, passaram a influenciar iniciativas internacionais, desde países europeus até as Maldivas e a Polinésia Francesa.
As casas flutuantes diferem das casas-barco por serem fixadas a postes de aço e conectadas às redes públicas de saneamento e eletricidade.
O escritório Waterstudio, fundado por Koen Olthuis em 2003, é dedicado exclusivamente a essas construções.
O fundador defende que essa tecnologia pode modificar o urbanismo tanto quanto o elevador transformou os arranha-céus.
Seu escritório projeta casas, escolas, escritórios e centros de saúde flutuantes.
Todos são baseados em sistemas que sobem e descem conforme o nível da água, apoiados em estacas profundas com amortecimento.
Outro exemplo é Roterdã, que tem 90% do seu território abaixo do nível do mar.
A cidade abriga o maior edifício comercial flutuante do mundo e uma fazenda flutuante, incorporando esse modelo urbano à sua estratégia climática.
Outros projetos ambiciosos estão surgindo, como uma proposta de ilhas flutuantes no Mar Báltico, da empresa Blue21, que poderia abrigar 50 mil pessoas.
Nas Maldivas, está em construção um complexo flutuante para 20 mil moradores, com recifes artificiais e sistemas de refrigeração por água do mar.
Apesar dos benefícios, existem desafios como o balanço provocado por ventos, chuvas e tráfego de navios, além da necessidade de infraestrutura específica para energia e saneamento.
Mesmo assim, especialistas defendem que construções flutuantes poderiam amenizar desastres e salvar vidas.
Com a previsão de que centenas de milhões de pessoas poderão ser deslocadas pelo avanço do mar até o fim do século, ampliar e acelerar projetos flutuantes é visto como essencial para garantir habitação segura em áreas costeiras.