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Caso de jovem que morreu atacado por leoa em João Pessoa escancara problema sistemático no Brasil; entenda


A trágica morte do jovem de 19 anos, Gerson Melo Machado, que invadiu o recinto dos leões de um zoológico em João Pessoa, chamou a atenção para um problema comum no Brasil e em outros países.

Por Flipar
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Diante dos olhares perplexos dos visitantes do zoológico, o rapaz, que havia sido recém-libertado da prisão, desceu de uma árvore e foi atacado por uma leoa.

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Após o ocorrido, descobriu-se que Gerson acumulava episódios de psicose, possível deficiência intelectual, crises frequentes, suporte familiar frágil — a mãe também sofre de esquizofrenia — e sucessivas passagens pelo sistema penal.

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Apesar das tentativas de controle medicamentoso na prisão, ao ser liberado ele foi encaminhado a um serviço sem condições de atender alguém em surto grave.

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Para a conselheira tutelar que o acompanhou, o que aconteceu foi uma “tragédia anunciada”.

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O caso, que parecia apenas excêntrico, na verdade segue um roteiro conhecido por quem trabalha com vulnerabilidade social e saúde mental no Brasil.

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Um relato da psicóloga clínica e doutora pela Unifesp, Ilana Pinsky, para a Veja, trouxe um novo olhar para a história de Gerson.

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Segundo ela, na década de 1980, casos psiquiátricos graves no Brasil eram tratados de uma forma desleixada.

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Na época, os hospitais eram superlotados, pacientes ficavam largados, dopados e sem contato familiar. Em 1989, surgiu a Reforma Psiquiátrica brasileira, um movimento social e político que buscou a desinstitucionalização do tratamento em saúde mental.

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O objetivo foi substituir a lógica manicomial, baseada no isolamento e internação de longa permanência, pelos chamados Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Divulgac?a?o/Prefeitura de Itaquaquecetuba

Mas as transformações não acompanharam completamente as necessidades do país. Hoje, embora essenciais, os CAPS operam majoritariamente como ambulatórios, sem capacidade para acolher crises intensas.

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Poucos funcionam 24 horas, há carência de leitos e muitas vezes não há como conter surtos sem apoio familiar.

Divulgação/Leonardo Silveira/Prefeitura de Vito?ria

O problema não é exclusivo do Brasil. Nos Estados Unidos, a redução dos hospitais psiquiátricos sem a criação de substitutos robustos fez com que prisões se tornassem as soluções para saúde mental.

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Dados epidemiológicos de 2024 (reunindo 85 estudos em países desenvolvidos) demonstram que cerca de 67% das pessoas em situação de rua sofrem de transtornos mentais graves.

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Segundo Ilana Pinsky, isso evidencia que a falta de serviços não leva as pessoas à liberdade, mas sim ao desamparo, à rua ou à prisão.

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Ela defende que, em vez de uma regressão manicomial, o Brasil necessita de uma modernização da rede com mais leitos de qualidade, unidades de crise e serviços residenciais eficazes.

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No Brasil, transtornos de ansiedade, depressão, transtorno bipolar, transtornos obsessivo–compulsivos (TOC) e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são alguns dos problemas psiquiátricos mais comuns.

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