Cidades

Ministério Público abre inquérito para investigar o Zoológico de Brasília

O procedimento foi motivado pela sequência de mortes de três grandes mamíferos da fundação, somente nos três primeiros meses de 2018

Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 04/04/2018 19:13
Fachada Zoológico de Brasília
Após a morte de três grandes mamíferos no Zoológico, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) instaurou um inquérito civil público, nesta terça-feira (3/4), para verificar se houve irregularidades e negligências por parte da Fundação Jardim Zoológico de Brasília que possam ter desencadeado os óbitos.

A morte mais recente foi a de Gaia, uma fêmea de ádax, espécie considerada em perigo crítico de extinção. O óbito aconteceu em 29 março, durante o manejo, quando o animal se prendeu em um dos portões. Já a girafa Yvelise morreu menos de uma semana antes, em 24 de março, após uma necrose no cólon, provocada pela torção de uma das alças intestinais. O elefante Babu foi a primeira morte do ano, em 7 de janeiro, em decorrência de uma pancreatite aguda. A suspeita é de que ele tenha sido envenenado, já que nos exames foram encontrados chumbo, arsênio, mercúrio e elementos cumarínicos (composto químico tóxico ao animal).

O objetivo do inquérito é apurar se houve falha no trato dos animais e no cumprimento das normas jurídicas, além de responsabilizar, no âmbito administrativo, civil e penal, os agentes públicos envolvidos, caso seja confirmada negligência, imprudência, imperícia, ilegalidade ou criminalidade. "Como houve uma constância de casos em um espaço muito pequeno, percebeu-se a necessidade de verificar a causa que desencadeou essas mortes em relação à gestão do próprio Zoológico", justificou o Promotor de Justiça Roberto Carlos Batista, responsável pelas investigações.

O documento pede que a fundação envie, em 15 dias, cópias dos prontuários e a necrópsia dos três mamíferos mortos este ano. Os dados dos funcionários envolvidos com esses animais também foi solicitado. "Vamos investigar todos os responsáveis pelo trato ou manejo dos animais mortos para identificar e relacionar o que ocorreu de fato", afirmou Roberto Batista. A Secretaria do Meio Ambiente, órgão de controle finalístico do Zoológico, deve, ainda, esclarecer as medidas tomadas no local desde o início de 2018.

Denúncias

Além do inquérito civil, encabeçado pela 4; Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Prodema), ações paralelas apuram as mortes. Também no MPDFT há procedimentos abertos para investigar o caso de Gaia e Yvelise. Já a morte de Babu, devido à suspeita de envenenamento, está sendo analisada pela Delegacia Especial do Meio Ambiente (Dema), no âmbito criminal. Um dia após a morte do elefante, também foi .
A responsável pela ação popular e presidente da Confederação Brasileira de Proteção Animal, Carolina Mourão, comemorou o desdobramento do caso. "Há tempos que temos provocado as instituições em busca de correção. Esperamos que a iniciativa não fique na promessa e que traga resultados efetivos no sentido de punir os verdadeiros responsáveis por tantas mortes no Zoológico do DF", disse.
Procurada pelo Correio, a Fundação Jardim zoológico de Brasília afirmou que não notificada oficialmente até o momento. "Informamos que estamos à disposição do Ministério Público para prestar esclarecimentos que se fizerem necessários", ponderou. A questão também será analisada em audiência de conciliação no Tribunal de Justiça, marcada para a próxima segunda-feira (9/4).

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação