Cidades

Amigo de jovem picado por naja no DF cogitou fugir com 16 cobras

Em depoimento à Polícia Civil, testemunha afirmou que Gabriel manifestou o interesse de sair da cidade com as cobras, que estavam escondidas no Núcleo Rural de Taguatinga

Depoimento de testemunha à Polícia Civil sobre o caso da naja - revelado com exclusividade pelo Correio na edição desta sexta-feira (24/7) - detalha ainda que Gabriel Ribeiro de Moura, de 24 anos, amigo do estudante picado pela cobra e preso por ocultar provas, pretendia fugir do Distrito Federal com as 16 serpentes capturadas pela polícia no Núcleo Rural de Planaltina.
 
O depoente afirmou que as cobras foram deixadas em uma baia de cavalos após Pedro Henrique, 22, ter sido picado. Segundo ele, Gabriel chegou a voltar à chácara para buscar apenas um animal. As outras cobras permaneceram lá. Depois disso, uma mulher teria entrado em contato com a testemunha alegando que "iria assumir as serpentes, pois elas pertencem a Pedro".
 
A testemunha afirma ainda que Gabriel manifestou o interesse de sair da cidade com os animais. Após tomar conhecimento de que o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) apreendeu as serpentes, no entanto, compareceu, voluntariamente, à delegacia. 

Testemunha confirma compra e venda de cobras exóticas 

Nesta sexta-feira, o Correio revelou, com exclusividade, que esse mesmo amigo de Pedro e de Gabriel confirmou aos policiais que o estudante de medicina veterinária comprava e vendia cobras exóticas.

A suposta quadrilha formada por estudantes de medicina veterinária e servidores públicos é alvo do inquérito policial que apura um esquema de tráfico internacional de animais exóticos e silvestres.

Nessa quinta-feira (23/7), a Justiça Federal da 1ª Região acatou o pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para afastar uma servidora suspeita de conceder, ilegalmente, licenças para o transporte de animais desse tipo. Os beneficiados eram pessoas próximas, inclusive Gabriel.

Desde a data do incidente, em 7 de julho, a 14ª Delegacia de Polícia (Gama) e o Ibama vêm deflagrando operações de buscas e apreensões nas casas dos suspeitos. Estima-se que Pedro Henrique esteja ligado a, pelo menos, 18 serpentes exóticas, entre elas a naja kaouthia.

O suposto esquema criminoso teria suporte da mãe dele, a advogada Rose Meire Candido dos Santos, do padrasto, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi, e de outros três amigos de Pedro, incluindo Nelson Junior Soares Vasconcelos e Gabriel (preso na quarta-feira por atrapalhar as investigações e ocultar provas).

Todos são estudantes de medicina veterinária e, conforme o Correio apurou, estudam na mesma faculdade, no Gama. A reportagem ligou diversas vezes para o escritório de Bruno Rodrigues, advogado de defesa da família de Pedro, mas ele não atendeu às ligações.

Em depoimento, o dono da chácara no Núcleo Rural de Planaltina e colega de Pedro afirmou saber que o estudante mantinha cobras em casa e que o jovem comprava e vendia as serpentes. A testemunha relatou que Gabriel Ribeiro tinha ficado encarregado de esconder as cobras e completou ressaltando que os dois são “imaturos, mas articulados, descolados e, visivelmente, engajados com o tema de animais silvestres".
 
A advogada de defesa de Gabriel Ribeiro (amigo de Pedro Henrique), Amanda Bedaqui, informou à reportagem que entrou, nessa quinta, com um pedido de habeas corpus. O jovem está na carceragem da Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), onde ficam os presos provisórios. Ele deve permanecer no local até domingo.