Politica

Governo federal promove mudanças na presidência do Iphan

Equipe do presidente Bolsonaro nomeia a arquiteta Luciana Rocha Feres para o cargo, que era ocupado pela historiadora Kátia Santos Bogéa desde 2016

Augusto Fernandes
postado em 11/12/2019 12:09

[FOTO1]O governo federal promoveu outra alteração em um órgão oficial ligado à cultura e trocou a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan). A historiadora Kátia Santos Bogéa, que era a titular do cargo desde junho de 2016, foi exonerada. Para o lugar dela, o Poder Executivo escolheu a arquiteta Luciana Rocha Feres. Os atos de exoneração e nomeação estão publicados na edição, desta quarta-feira (11/12), do Diário Oficial da União e foram assinados pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Em redes sociais, Luciana Feres se apresenta como arquiteta e urbanista, professora e consultora na área de patrimônio cultural. Segundo o seu currículo profissional, ela tem ;experiência docente na área de Patrimônio Cultural, Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Análise Crítica e Histórica da Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: história e teoria da arquitetura e do urbanismo, preservação e gestão do patrimônio cultural e ambiental urbano, educação patrimonial, intervenções em edificações e áreas urbanas de interesse de preservação, cultura e cidades;.

A arquiteta é doutoranda em Ambiente construído e patrimônio sustentável na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A nova presidente do Iphan ainda possui mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Escola de Arquitetura da UFMG, especialização em Revitalização Urbana e Arquitetônica e graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, em belo Horizonte (MG).

Luciana já foi Gerente de Cultura do Serviço Social do Comércio (SESC), em Minas Gerais, e foi coordenadora do Programa de Candidatura do Conjunto Moderno da Pampulha a Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Além disso, ela tem passagens pela Diretoria de Museus e Centros de Referência e pela Diretoria do Conjunto Moderno da Pampulha, ambos na Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte.

Mudança prevista

O recém-nomeado secretário-especial de Cultura, Roberto Alvim, já alertava para a alteração. Na terça-feira (10/12), após se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, ele declarou: ;estamos estudando o caso do Iphan;. ;Meio bilhão de reais que o órgão lida por ano. É um caso muito complexo. A gente está estudando delicadamente e com muito esmero o caso;, disse.

Há algumas semanas, Alvim tem feito uma série de alterações no setor cultural com a justificativa de que o governo federal não pode ;aparelhar; a produção artística do Brasil. ;Um governo de esquerda patrocina propaganda ideológica. O governo de direita patrocina obras de arte. O que estamos lutando é pelo renascimento do conceito de obra de arte. O que nós estamos fazendo é criando uma equipe muito forte para promover um renascimento da cultura e da arte no Brasil;, comentou o secretário-especial.

Em um dos primeiros atos, ele aprovou a escolha do jornalista Sérgio Nascimento de Camargo para a presidência da Fundação Cultural Palmares. Posteriormente, o Poder Executivo nomeou Dante Mantovani para ser o novo presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Segundo ele, ;o rock ativa as drogas, que ativam o sexo livre, que ativa a indústria do aborto, que ativa o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo;.

Segundo Alvim, Bolsonaro apoia todas as nomeações feitas para a área da cultura. Nesta quarta-feira, o presidente disse a jornalistas que ;gostou muito; da escolha de Camargo para a Palmares ; na terça-feira, o chefe do Palácio do Planalto o conheceu pessoalmente. ;Excelente! Excelente! Não vou entrar em detalhes (do encontro) porque vocês deturpam tudo isso aí. Não tem essa história de branco e negro. Nós somos iguais e ponto final;, afirmou Bolsonaro. ;Não vou falar o detalhe. Gostei muito dele;, completou.

Camargo já causou polêmicas por dizer que a escravidão foi ;benéfica para os descendentes; e que não existe ;racismo real;. Para ele, o líder quilombola Zumbi dos Palmares, responsável por dar nome à instituição, foi ;um falso herói dos negros; e o Dia da Consciência Negra, feriado comemorado no dia da morte de Zumbi, causa ;incalculáveis perdas à economia do país;. Após a conversa com Bolsonaro, ele reforçou que o feriado precisa acabar.

;Claro que tem que acabar o Dia da Consciência Negra, que é uma data da qual a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentimento racial. Isso não é uma data do negro brasileiro. Isso é uma data de minorias empoderadas pela esquerda, que propagam o ódio, ressentimento e a divisão racial;, disse Camargo.

A nomeação dele foi suspensa na quarta-feira passada (4/12) pelo juiz federal substituto Emanuel José Matias Guerra, da 18; Vara Federal de Sobral (CE), depois do repúdio manifestado, por parte da sociedade, sobretudo lideranças negras, causado por declarações de Camargo, que também é negro, sobre o movimento no Brasil. No entanto, a Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou, na segunda-feira (9/12), que apresentou recurso ao Tribunal Regional Federal da 5; região (TRF-5) contra a decisão.

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