Graças à vacinação contra a covid-19, iniciada há seis meses no Brasil, o país conseguiu evitar a morte de até 55 mil idosos. Essa é a conclusão de um estudo feito pelo epidemiologista Marcelo Gomes, do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Os imunizantes também evitaram entre 96 mil e 117 mil hospitalizações deste grupo de pessoas com 60 anos ou mais, considerado mais vulnerável e suscetível a casos graves e óbitos pelo novo coronavírus. Apesar dos números positivos, poderiam ser melhores caso o governo federal tivesse comprado os fármacos ainda antes.
Para mostrar o efeito prático da vacinação, o pesquisador fez uma projeção de óbitos e internações por síndrome respiratória aguda grave decorrente da covid-19 da população idosa, até o início de junho, mantendo a proporção de casos hospitalizados e óbitos dessa faixa etária observada no início de março — quando começaram a cair as mortes e os registros de casos em decorrência da vacinação. “Fizemos uma suposição como se a proporção de casos hospitalizados e mortes tivesse se mantido constante entre 13 de março e 12 de junho”, explicou Gomes ao Correio.
Para isso, o epidemiologista usou o número de novos casos e mortes na população abaixo de 60 anos — que entre março e junho ainda começava a receber a vacina — para estimar o que teria acontecido na população acima de 60 anos, que em sua maioria já havia sido imunizada. A diferença entre a projeção feita e o que de fato se observou com o grupo mais idoso nesse período é a estimativa de internações e óbitos potencialmente evitáveis devido as doses.
“Embora não seja uma análise extremamente rigorosa, ela está alinhada com o que se observou nos cálculos de efetividade das vacinas. Essas estimativas de quantos óbitos e internações podem ter sido evitadas é uma maneira de traduzir a efetividade, em termos mais palpáveis e fáceis de serem interpretados pela população”, disse o pesquisador.
Para ele, isso aumenta a expectativa de que as pessoas reconheçam a importância da vacinação. “Esperamos que isso sirva como mais uma informação para adesão da população à imunização contra a covid-19 e que veja que as vacinas funcionam”, salientou.
O epidemiologista reforçou que o número de mortes evitadas poderia ter sido ainda maior caso o governo tivesse começado a campanha de vacinação antes. Até o momento, 130,4 milhões de doses foram dadas, sendo que 93,6 milhões de pessoas tomaram ao menos a primeira dose e 36,7 milhões completaram o esquema vacinal com duas ou uma única injeção.
“Imagina se a gente tivesse conseguido entrar com a vacinação já no final do ano passado? O pico de casos e mortes visto em fevereiro e março poderia ter sido muito menor”, indicou.
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Decisão acertada
Com o avanço da vacinação para a população adulta do Brasil com menos de 60 anos, o Boletim do Observatório Covid-19, da Fiocruz, mostra que já há declínio no número de internações e óbitos em todas as faixas etárias. “O início da vacinação de adultos fora da faixa dos 60 anos de idade já mostra sinais de impacto no perfil etário das internações e mortes no Brasil, em especial nas últimas duas semanas. Os óbitos, em particular, voltaram a se concentrar entre idosos”, diz o documento, divulgado ontem.
O movimento observado por pesquisadores da fundação é efeito da progressão da imunização entre os mais jovens e mostra que a idade é um fator de risco independente para o agravamento dos casos de covid-19. “A decisão de priorizar os idosos logo no início da vacinação foi acertada”, indicou o relatório, que reforçou a necessidade de um “olhar cuidadoso para preservar a população idosa” e, ao mesmo tempo, a expansão da cobertura vacinal entre os mais jovens.
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