Violência

RJ: um político é assassinado a cada 45 dias na Baixada Fluminense, diz estudo

A maior parte dos casos indica a existência de uma articulação das disputas políticas locais com conflitos envolvendo redes criminosas

João Gabriel Freitas*
postado em 27/09/2022 15:31 / atualizado em 27/09/2022 15:33
 (crédito: Fernando Lopes/CB/D.A Press)
(crédito: Fernando Lopes/CB/D.A Press)

A cada 45 dias, um político é assassinado na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Os dados são da pesquisa "Violência Política na Baixada Fluminense e na Baía da Ilha Grande", lançada nesta terça-feira (27/9). A maior parte dos casos indica a existência de uma articulação das disputas políticas locais com conflitos envolvendo redes criminosas.

O levantamento analisou casos de violência cometidos contra políticos e ativistas nas regiões da Baixada Fluminense e da Baía da Ilha Grande entre janeiro de 2021 e junho de 2022. Dos 31 casos de violência política mapeados pelo levantamento, 28 foram cometidos na Baixada Fluminense e 3 na região de Ilha Grande. Ao todo foram 12 casos de assassinato, sendo que todas as execuções ocorreram na Baixada Fluminense. Isso significa que houve pelo menos 1 assassinato político a cada 45 dias na região, considerando o período de 18 meses analisado na pesquisa.

Segundo André Rodrigues, pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do estudo, as forças políticas estão sob “constante ataques”. “Os relatos que documentamos nas entrevistas mostram que nos contextos que analisamos há um conjunto de forças políticas que podem efetivamente traduzir a consolidação de um campo democrático, mas que estão sob constante ataque”, avalia o pesquisador.

No corpo de análise, 23 dos 31 ataques foram praticados com armas de fogo. Além das 12 mortes, o estudo registrou sete casos de atentados contra a vida, seis casos de ameaça, um caso de invasão de espaço político, um caso de atentado, um caso de ferimento à bala, um caso de depredação de espaço político, um caso de violência política de gênero e um caso de disparo de arma letal contra manifestação política no período.

Em relação às cidades, o município líder em número de casos de violência política foi Duque de Caxias, que contabilizou 10 ataques, seguido por Nilópolis, com quatro ocorrências. Logo atrás aparecem as cidades de Nova Iguaçu, São João de Meriti e Itaguaí.

Disputa política

Os territórios controlados por milícias tiveram amplo destaque no estudo, especialmente na Baixada Fluminense. Dos 31 casos de violência política mapeados, 13 foram cometidos em áreas de milícias, nove deles foram execuções.

O estudo "Violência Política na Baixada Fluminense e na Baía da Ilha Grande" usou como metodologia o levantamento de casos de violência política em jornais, pesquisas complementares na internet, entrevistas e monitoramento e análise das mídias sociais de políticos que atuam na área da segurança pública nas regiões estudadas.

Outro destaque, além dos casos de violência política quantificados pela pesquisa, é que as entrevistas realizadas expuseram um cenário de violência estrutural que atinge, sobretudo, mulheres negras na política. Segundo o Observatório das Favelas, as mulheres entrevistadas revelaram diversos casos de agressões físicas e verbais, ameaças, intimidações, violência institucional e violência política de gênero e raça.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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