Aviação

Acidente com avião em Congonhas gera discussão entre entidades do setor

Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) estima prejuízos de R$ 15 milhões para companhias aéreas que tiveram operações suspensas no domingo

Michelle Portela
postado em 11/10/2022 17:22 / atualizado em 11/10/2022 17:56
 (crédito: Reprodução/@rjpcerqueira)
(crédito: Reprodução/@rjpcerqueira)

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) estima prejuízos de R$ 15 milhões para as companhias aéreas associadas à entidade que tiveram suas operações suspensas durante pelo menos nove horas em decorrência de um acidente com avião de pequeno porte na pista do Aeroporto de Congonhas, no domingo. As operações somente foram normalizadas nesta terça-feira (12/10). 

A associação compreende Gol e Latam, mas a suspensão afetou outras operadoras. No total, 320 voos comerciais foram cancelados. O acidente, entretanto, foi causado por um avião de pequeno porte. No início da tarde de domingo, o pneu de um Learjet 75, sob matrícula PPMIX, fabricado em 2015, estourou durante o pouso, causando interrupção da operação até as 22h.

De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a regularização ocorreu após a ampliação do horário de funcionamento do terminal, até 23h, e que não prevê mudanças imediatas na operação do aeroporto. No domingo, após a reabertura, o aeroporto funcionou até 1h de segunda-feira (11/10).

Debate sobre futuro do aeroporto

O acidente e suas consequências levaram representantes da Abear a solicitar uma agenda de reuniões com a Infraero e abriu uma série de discussões sobre o futuro do aeroporto, leiloado na 7ª rodada de concessão de aeroportos realizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 18 de agosto. O valor total inicial a ser pago pelos vencedores da 7ª rodada de concessão representa um ágio médio de 116,94% em relação ao lance mínimo inicial total, de R$ 938,4 milhões.

O Bloco SP-MS-PA-MG, liderado por Congonhas (SP), e composto ainda pelos aeroportos de Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul (MS); Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira, no Pará (PA); Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais (MG); foi arrematado pela Aena Desarollo Internacional SME SA por R$ 2,45 bilhões. Houve ágio de 231,02% em relação ao lance mínimo inicial, de R$ 740,1 milhões.

Representante das empresas aéreas afetadas, a Abear emitiu dura nota sobre a importância de “restringir a operação de aeronaves de baixa performance na pista principal de Congonhas a fim de agilizar a recomposição da malha nacional e atender os milhares de passageiros que precisam ser transportados ainda hoje e nos próximos dias”.

A Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) reagiu e defendeu a operação geral. “Representantes de companhias aéreas e da Abear, a associação que representa parte do setor da aviação regular, não tardaram em apontar o vilão da história: a aviação de negócios que opera em Congonhas. Será mesmo?”, contestou a entidade por meio de nota.

A entidade diz que “repudia qualquer tentativa de prejudicar as importantes operações da aviação geral em qualquer aeroporto no Brasil”, e que “não faz sentido fazer de Congonhas um hub vital para a malha aérea nacional, aumentando slots e planejando ampliações faraônicas, sendo que jamais será possível manter operações de linha aérea em mais de uma pista”.

Para o grupo, a principal medida deveria ser voltada para o controle de tráfego aéreo. “O ponto que a Abag entende ser necessário se discutir melhor é se existe sentido concentrar tantos voos em um aeroporto de tamanha importância com uma única pista apta a receber operações de linha aérea, como é o caso de Congonhas. Hoje é um avião de pequeno porte que estoura os pneus, mas amanhã pode ser algum outro motivo que torne a pista do aeroporto impraticável, e toda a malha aérea do país volte a ser prejudicada.”

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