polícia

Presa quadrilha de traficantes que trocava etiquetas de bagagem

Bando atuava no setor de despacho e embarque no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Brasileiras ficaram quase 40 dias presas na Alemanha porque propriedade de malas com cocaína foi atribuído a elas

Correio Braziliense
postado em 19/07/2023 03:55
Passageiros vinham da África do Sul e desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos (SP), onde se submeteram a exames -  (crédito: Crédito Reprodução/Internet)
Passageiros vinham da África do Sul e desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos (SP), onde se submeteram a exames - (crédito: Crédito Reprodução/Internet)

A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã de ontem, uma operação em que foram presos 16 investigados ligados a um esquema de tráfico de drogas com a troca de etiquetas de bagagens no aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP). Em março, a atuação da quadrilha levou à prisão da personal trainer Kátyna Baía, de 44 anos, e da veterinária Jeanne Paolini, de 40, que ficaram encarceradas na Alemanha, injustamente, por 38 dias. Uma carga de cocaína foi encontrada em malas com o nome das duas.

Batizada de Colateral, a ação vasculhou 27 endereços em Guarulhos e São Paulo. Nas diligências, um dos suspeitos quebrou o celular ao constatar a chegada da PF em sua casa. Das ordens de prisão expedidas no bojo da ofensiva, todas de caráter preventivo, 16 foram cumpridas. Até a noite de ontem, a PF ainda tentava localizar dois alvos de mandado de prisão temporária.

Os investigadores dizem ter identificado os mandantes do crime que resultou nas prisões de Kátyna e Jeanne, além de integrantes da quadrilha que ainda teriam traficado cocaína em duas outras ocasiões — uma remessa para Portugal, em outubro de 2022, e outra para a França, em março passado.

As diligências integram a segunda etapa ostensiva da Colateral. Segundo a PF, foram alvo de ordens de prisão preventiva "executores dos três eventos de tráfico internacional de drogas" e os chefes do esquema. A quadrilha é responsável pelo envio de mais de 120 quilos de cocaína para a Europa, além de "inúmeros outros eventos de tráfico internacional" pelo aeroporto de Guarulhos.

Casal brasileiro

O casal Kátyna e Jeanne foi preso em 5 de março, em Frankfurt, com 40kg de cocaína em uma bagagem que não lhes pertencia — a identificação das malas tinha sido trocada pelas quadrilha de traficantes. As goianas ficaram encarceradas na Alemanha por mais de um mês, enquanto a PF conduziu investigação que apontou a troca de etiquetas, realizada por funcionários do aeroporto de Guarulhos. Seis ligados ao esquema já haviam sido presos na primeira etapa da Colateral — os alvos prestavam serviço em Cumbica e tinham acesso à área restrita.

Em 11 de abril, as brasileiras foram soltas, após o Ministério da Justiça e Segurança Pública encaminhar à Justiça alemã o inquérito policial e os vídeos que, segundo a PF, as inocentavam. Um mês depois, a advogada de Kátyna e Jeanne informou que elas entrariam com duas ações de reparação, uma na Justiça brasileira e outra na da Alemanha, em razão do episódio.

Em 21 de junho, três meses e meio depois de as duas brasileiras terem sido presas no país europeu, o governo federal lançou o programa Aeroportos Seguros, que prevê investimento de R$ 40 milhões para aumentar a segurança em Guarulhos, que é o de maior número de voos nacionais e internacionais no Brasil. Em fase posterior, segundo o projeto conjunto dos ministérios da Justiça e Segurança Pública e dos Portos e Aeroportos, outros complexos com grande número de partidas e chegadas do exterior também serão atendidos.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.