Segurança Pública

Datafolha: 88% dos paulistanos são a favor das câmeras corporais da PM

Para 82% dos entrevistados, o uso das câmeras nas fardas dos oficiais contribuiria muito para impedir a ação violenta de maus policiais. Monitoramento é criticado pelo governador Tarcísio de Freitas

As câmeras corporais, que têm potencial para reduzir a brutalidade policial, são contestadas pelo governador de SP -  (crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil)
As câmeras corporais, que têm potencial para reduzir a brutalidade policial, são contestadas pelo governador de SP - (crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil)
postado em 18/03/2024 15:50 / atualizado em 18/03/2024 15:55

Quase nove em cada 10 (88%) moradores da cidade de São Paulo são a favor da política de implementação de câmeras nos fardamentos de oficiais da Polícia Militar e de outras corporações. É o que mostra a pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (17/3). O resultado, porém, destoa do que é defendido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que sempre criticou essa política de monitoramento.

De acordo com o levantamento, as câmeras recebem apoio largo em todas os segmentos da sociedade — brancos, negros, pardos, ricos, pobres, homens, mulheres, bolsonaristas e petistas. Apesar de terem variações diferentes nas margens de erro, nenhum desses grupos apresentou valor menor do que 79% de aprovação à medida.

Para 82% dos entrevistados, o uso das câmeras nas fardas dos oficiais contribuiria muito para impedir a ação violenta de maus policiais, enquanto outros 11% acham que contribuiria um pouco. Um total de 88% disse acreditar que o uso poderia ter alguma contribuição para a redução da violência de forma geral; e 85%, que poderia diminuir a mortalidade dos próprios policiais.

Os entrevistados contrários ao uso do equipamento representam 8% do total, enquanto 3% se afirmam como indiferentes. A pesquisa, que tem margem de erro de três pontos percentuais, ouviu 1.090 pessoas nos dias 7 e 8 de março.

Câmeras congeladas

O governo Tarcísio congelou o número de equipamentos instalados no estado, que vinha crescendo desde a implementação do Programa Olho Vivo, em agosto de 2020. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de SP, em agosto de 2023 haviam 10.125 câmeras instaladas nas fardas de policiais militares do estado, número que corresponde a cerca de 12% do contingente da ativa. Em dezembro de 2022, último mês antes de Tarcísio assumir o governo, o número de câmeras era de 10 mil, praticamente o mesmo.

O contrato do programa foi renovado somente até junho deste ano e o orçamento designado foi reduzido. Além disso, um estudo que apontou melhora no desempenho dos batalhões que usam o equipamento foi descontinuado.

Tarcísio se mostra contrário à medida desde a sua campanha eleitoral para o governo do estado. Em dezembro de 2023, o governador afirmou que as câmeras corporais não têm nenhuma efetividade para a segurança dos cidadãos, a despeito do estudo, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) à época, que apontava melhora na atuação dos batalhões que as utilizavam.

Eficiência da morte

Sob o comando de Guilherme Derrite (PL) — exonerado de forma temporária na semana passada para retomar o mandato na Câmara e ser relator do projeto que estabelece o fim da chamada “saidinha” temporária de presos do regime semiaberto —, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo viu o número de pessoas mortas por PMs em serviço, no estado, aumentar em 38% em 2023, primeiro ano da gestão Tarcísio, em relação a 2022. 

Nesse período, a Polícia Militar do estado realizou as duas operações mais letais de SP desde o Massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram mortos. Iniciada em julho de 2023, a Operação Escudo já resultou na morte de pelo menos 28 suspeitos, enquanto a Operação Verão, iniciada em 18 de dezembro, atingiu a marca de 48 óbitos nesta segunda-feira (18/3).

Em pronunciamento dado no último dia 8, Tarcísio rebateu críticas à Operação Verão e minimizou as denúncias de funcionários da Secretaria de Saúde de Santos, que apontaram que mortos estavam sendo transportados a hospitais como ainda vivos. O governador afirmou na ocasião que as ações eram conduzidas de forma profissional e que os oficiais, junto ao governo, estavam “fazendo o que é certo”.

“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU (Organização das Nações Unidas), pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse ele.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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