RELATÓRIO DA FAO

Eventos climáticos extremos aumentam fome na América Latina, aponta ONU

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostra o impacto das mudanças climáticas na alimentação das pessoas

O número de pessoas com fome caiu de 207,3 milhões em 2022 para 187,6 milhões em 2023, uma diminuição de 19,7 milhões -  (crédito: freepik)
O número de pessoas com fome caiu de 207,3 milhões em 2022 para 187,6 milhões em 2023, uma diminuição de 19,7 milhões - (crédito: freepik)

O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado nesta segunda-feira (27/1), revela que a América Latina e o Caribe tem 70% dos países com alta exposição a eventos climáticos extremos. Esse fenômeno tem gerado uma crescente insegurança alimentar e nutricional na região, afetando diretamente a vida de milhões de pessoas. O estudo, intitulado Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutrição 2024, também destaca que mais da metade dos países latino-americanos (52%) correm o risco de experimentar altos índices de subalimentação devido às mudanças climáticas.

O impacto dos eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e tempestades intensas, é uma preocupação crescente, afetando diretamente a produção de alimentos e a disponibilidade de recursos. No Caribe, por exemplo, cerca de 17,2% da população sofre com a fome, enquanto na América Central, o índice de insegurança alimentar permanece em torno de 5,8%. Apesar de algumas melhorias, ainda coloca em risco a alimentação e o bem-estar de muitos cidadãos.

O número de pessoas com fome caiu de 207,3 milhões em 2022 para 187,6 milhões em 2023, uma diminuição de 19,7 milhões. Em comparação a 2021, essa queda foi ainda mais acentuada, atingindo 37,3 milhões. Esse progresso é atribuído a fatores como o crescimento econômico de diversos países da América do Sul e a implementação de políticas públicas focadas no aumento do acesso da população a alimentos de qualidade.

Além disso, o relatório aponta uma queda nos índices de pobreza e desigualdade social, com avanços no emprego e no salário mínimo. No entanto, a segurança alimentar ainda está distante de ser uma realidade para todos, especialmente para grupos mais vulneráveis, como mulheres e moradores das zonas rurais.

Durante a apresentação dos dados, Mario Lubetkin, subdiretor-geral da FAO para a América Latina e o Caribe, ressaltou que a luta contra a fome e a construção de sistemas agroalimentares mais resilientes estão intimamente ligadas. Ele destacou a discrepância entre o aumento no acesso a alimentos e o alto custo de alimentos saudáveis, que ainda é um obstáculo significativo, principalmente para as famílias de baixa renda. Em muitos países da região, os alimentos ultraprocessados, mais baratos e acessíveis, estão tomando o lugar de opções nutricionalmente equilibradas, o que contribui para um ciclo de obesidade e subnutrição.

"O acesso aos alimentos aumentou, mas o custo ainda é um obstáculo", afirmou.

Embora a América Latina seja uma das regiões mais poderosas em termos de produção de alimentos, o consumo de alimentos ultraprocessados têm se tornado uma preocupação crescente, uma vez que eles estão diretamente relacionados ao aumento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Para combater esse problema, a FAO sugere a adoção de políticas públicas mais rigorosas, incluindo a elevação da taxação sobre esses produtos, como uma forma de reduzir seu consumo e promover hábitos alimentares mais saudáveis.

*Estagiária sob a supervisão de Jaqueline Fonseca 

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Vitória Torres*
postado em 28/01/2025 18:19 / atualizado em 28/01/2025 18:20
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