LUTO

Morre o jornalista investigativo Marcelo Beraba, aos 74 anos

Idealizador da Abraji e liderança de grandes redações do país, o jornalista enfrentava um câncer no cérebro

Morreu nesta segunda-feira (28/7) no Rio de Janeiro, aos 74 anos, Marcelo Beraba, jornalista investigativo reconhecido por comandar algumas das principais redações brasileiras e fundador da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A causa da morte foi um câncer no cérebro. Ele estava internado no Hospital Copa D'Or, na Zona Sul da capital fluminense. A informação foi confirmada oficialmente pelas redes sociais da associação.

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Ao longo de cinco décadas de carreira, Beraba se consolidou como uma das figuras mais importantes da imprensa brasileira. Passou por veículos como O Globo, Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil, TV Globo e O Estado de S.Paulo, deixando marca como editor, repórter e formador de gerações de jornalistas.

Foi também idealizador e primeiro presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), criada em 2002 após o assassinato do jornalista Tim Lopes. A entidade se tornaria, sob sua liderança e influência, a principal referência do jornalismo investigativo na América Latina.

Beraba era conhecido pelo rigor ético, pelo incentivo constante à capacitação dos profissionais e pela defesa intransigente da liberdade de imprensa. Ele acreditava que não se faz bom jornalismo sem bons jornalistas, por isso, foi defensor enfático de treinamentos e cursos nas redações que comandou.

Além do Brasil, sua atuação ecoou em toda a América Latina, como na fundação da Conferência Latino-Americana de Jornalismo Investigativo (Colpin) e na criação do Prêmio Latino-Americano.

Trajetória

Marcelo José Beraba nasceu no Rio de Janeiro em 29 de abril de 1951. Cresceu no bairro do Rio Comprido, numa casa onde o hábito da leitura era fortemente incentivado pelos pais, Elomir e Maria Ester Beraba. Estudou no Colégio Santo Inácio e passou parte da juventude em um seminário, entre o Espírito Santo e o interior fluminense, onde o gosto pela literatura e pela escrita foi aguçado.

Em 1970, decidiu seguir a carreira de jornalista e prestou vestibular para a Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde foi aprovado em primeiro lugar. Viveu os anos duros da ditadura militar dentro da universidade, onde as aulas de jornalismo dividiam espaço com debates políticos e filosóficos. Um de seus principais mentores foi o jornalista e professor Nilson Lage.

O velório será realizado nesta terça-feira (29/7), no Memorial do Carmo, no bairro do Caju, a partir das 12h30.

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