
O Brasil perdeu praticamente 112 milhões de hectares (Mha) de áreas naturais entre 1985 e 2024, o equivalente a 13% do território nacional, com uma supressão média anual de 2,9 Mha. É o que mostram os mapas de cobertura e uso da terra do MapBiomas.
Nesse período, a agropecuária nos municípios avançou de 47%, em 1985, para 59%, em 2024. Representa que quase 700 cidades e seus distritos deixaram de ter a vegetação nativa como predominante. Entre os tipos de cobertura nativa, a Formação Florestal sofreu a maior perda — redução de 62,8 Mha (-15%). Em seguida, veio a Formação Savânica, da qual 37,4 Mha (-25%) sumiram.
"Até 1985, o Brasil converteu 60% de toda área hoje ocupada pela agropecuária, mineração, cidades, infraestrutura e outras áreas antrópicas [modificadas, alteradas ou criadas pela ação humana]. Os 40% restantes dessa conversão ocorreram em quatro décadas, de 1985 a 2024", destacou Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.
A pastagem e a agricultura foram os usos da terra que mais se expandiram: a primeira, aumentou 62,7 Mha ( 68%); a segunda, 44 Mha ( 236%). Em 2024, o Brasil manteve 65% de seu território coberto por vegetação nativa e 32% ocupado por agropecuária. A área urbanizada também avançou: atingiu 4,5 Mha em 2024.
Segundo o levantamento, o período 1985-1994 foi a "década da expansão do desmatamento", com um aumento de 36,5 Mha das áreas antrópicas. Isso impulsionou o surgimento de pastagens. Cerca de 30% dos municípios registraram o maior crescimento de área urbanizada neste decênio.
De 1995 a 2004, foi a "década da expansão da agropecuária", com grande redução de floresta — 44,8 Mha foram convertidos pela agropecuária. A expansão da pastagem sobre a vegetação nativa atingiu o pico neste período (35,6 Mha). Na Amazônia, o aumento de áreas antrópicas foi de 21,1 Mha.
Entre 2005 e 2014, a chamada "década da redução do desmatamento e intensificação agrícola", deu-se o menor incremento de área antrópica em 40 anos (17,6 Mha). A perda líquida de vegetação nativa foi a menor entre as quatro décadas (17,1 Mha).
Entre 2015 e 2024, houve o aumento da degradação e dos impactos climáticos. A mineração expandiu-se: 58% da área atual surgiu neste período e a Amazônia responde por 66% desse avanço.
A Amazônia e o Pantanal mantêm a maior proporção de vegetação nativa (mais de 80%), só que a Amazônia perdeu 52,1 milhões de hectares de áreas naturais nos últimos 40 anos. Proporcionalmente, o Cerrado e o Pampa foram os que mais viram a vegetação nativa desaparecer. Já a Amazônia e o Cerrado tiveram as maiores perdas em termos absolutos.
As áreas úmidas no Brasil sofreram uma redução de 12%: passaram de 84 milhões de hectares, em 1985, para 74 milhões, em 2024. Todos os biomas perderam superfície úmida, menos a Mata Atlântica por conta da criação de reservatórios e hidrelétricas, a partir dos anos 2000.
O Pantanal, por sua vez, merece ser visto com cuidado, pois os ciclos de inundação diminuíram — a seca extrema chegou ao auge em 2024, quando a superfície molhada ficou 73% abaixo da média histórica.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio GrecchiSaiba Mais
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