LUTO

Íris Lettieri, a voz do Aeroporto do Galeão, morre aos 84 anos

Locutora marcou gerações com os anúncios inconfundíveis. Velório será nesta sexta-feira (29/8), em Niterói (RJ)

Íris também atuou como cantora, atriz e modelo -  (crédito: Reprodução/TV Globo)
Íris também atuou como cantora, atriz e modelo - (crédito: Reprodução/TV Globo)

A locutora Íris Lettieri, eternizada como a voz do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, morreu nesta quinta-feira (28/8), no Rio de Janeiro, aos 84 anos. Ela sofreu um infarto fulminante em casa, em Botafogo, na Zona Sul da cidade, apenas dois dias após comemorar o aniversário. O marido informou que Íris havia sido internada recentemente por complicações decorrentes de diabetes e recebeu alta na quarta-feira (27/8). 

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Nascida no Rio de Janeiro em 26 de agosto de 1941, filha de um locutor da Rádio Cruzeiro do Sul e de uma professora de piano, Íris iniciou a carreira no rádio no fim dos anos 1950 e se destacou como a primeira mulher a apresentar telejornais no país, com passagens por emissoras como TV Tupi, Excelsior e Manchete

Em 1976 foi contratada pela Infraero para gravar os anúncios do Galeão. A voz macia e aveludada, com entonação pensada para transmitir tranquilidade aos passageiros, marcou gerações e logo se espalhou por aeroportos brasileiros como Guarulhos, Congonhas, Santos Dumont, Eduardo Gomes, em Manaus, e Foz do Iguaçu. Desde 2014, também era a voz oficial do BRT no Rio. 

Antes de se tornar conhecida como a “voz do aeroporto”, Íris marcou época na Rádio Relógio, anunciando a hora certa. Muitos ouvintes, especialmente crianças, acreditavam que ela passava 24 horas por dia no estúdio, repetindo a informação minuto a minuto. Outra curiosidade era a habilidade de gravar anúncios em inglês, francês, espanhol e italiano, sem falar nenhum desses idiomas, apenas reproduzindo a pronúncia de forma impecável.

A voz dela também chegou a ser usada sem autorização pela banda americana Faith no More, na faixa Crack Hitler, do álbum Angel Dust (1992). Em 2019, virou arte ao integrar uma obra de Cildo Meireles no disco Isto, em que as gravações eram repetidas em loop com frases como “Isto está desaparecendo” e “Isto está acabando”.

Reconhecida como parte da memória afetiva dos cariocas e viajantes, recebeu prêmios como “Personalidade Aeroportuária” da Infraero, em 1995, o selo de qualidade Abrajet-Rio, também em 1995, e a Medalha Pedro Ernesto pela Câmara dos Vereadores do Rio, em 1996.

O prefeito Eduardo Paes chegou a defender que a voz dela fosse considerada patrimônio imaterial da cidade. Lembrada mais pela voz do que pelo rosto, ela gostava de contar histórias curiosas, como a vez em que um taxista a identificou como a “moça do aeroporto” apenas pela forma de falar, e respondeu com bom humor: “Sim, sou eu. Não me culpe se você está atrasado para o voo”.

A concessionária RioGaleão lamentou a morte em nota oficial, afirmando que a locutora “marcou gerações nas rádios e nas mensagens do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro” e que o trabalho dela “se tornou parte da memória afetiva de milhares de passageiros que passaram pelo Tom Jobim”. Ao longo da vida, além de locutora, Íris também atuou como cantora, atriz e modelo.

O velório está marcado para esta sexta-feira (29), às 12h45, no Cemitério Parque da Colina, em Pendotiba, Niterói.

 

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postado em 28/08/2025 23:42 / atualizado em 29/08/2025 00:53
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