CRIME

Morte de gari: delegada esposa de assassino confesso também é indiciada

A delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira foi indiciada e poderá responder por porte ilegal de arma de fogo

O crime cometido pelo empresário Renê tem implicações para a mulher, a delegada Ana Paula -  (crédito: Redes sociais)
O crime cometido pelo empresário Renê tem implicações para a mulher, a delegada Ana Paula - (crédito: Redes sociais)

A delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, esposa do homem que confessou ter matado o gari Laudemir de Souza Fernandes, em Belo Horizonte, também foi indiciada pelo crime. A servidora pública, que está afastada de suas funções desde a semana do crime, poderá responder por porte ilegal de arma de fogo. O resultado das investigações foi divulgado nesta sexta-feira (29/8), 18 dias depois do homicídio, registrado na Rua Modestina de Souza, no Bairro Vista Alegre, na Região Oeste de Belo Horizonte.

Nessa quinta-feira (28/8), a delegada foi substituída no Comitê de Ética em Pesquisa da Academia da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), em meio a um afastamento da servidora por licença médica. Conforme o ato, assinado pela delegada-geral da Polícia Civil Yukari Miyata, a servidora foi substituída por uma professora. A publicação não deixa claro se a mudança é definitiva.

Dois dias depois da morte do gari Laudemir, a delegada Ana Paula foi afastada de suas funções para tratamento de saúde no Hospital da Polícia Civil, por 60 dias. O pedido, conforme a PCMG, segue “os termos da lei”. A decisão foi publicada no Diário Oficial do estado no último sábado (23/8), sob assinatura do diretor-geral da unidade médica da corporação e pode ter o prazo prorrogado por mais dois meses, conforme avaliação médica. O documento não especifica a condição de saúde da servidora.

Desde 11 de agosto, a Corregedoria da PCMG instaurou um procedimento administrativo para investigar a participação da delegada no crime. No dia, Ana Paula foi levada até a sede do órgão correcional para ser ouvida em relação ao uso de sua arma pessoal no possível crime. Na ocasião, segundo repassado à imprensa pelo porta-voz da corporação, o delegado Saulo Castro, a servidora afirmou que o marido não tinha acesso aos dois artefatos. Além disso, a delegada afirmou que não tinha nenhuma informação em relação ao crime em que o companheiro foi preso por suspeita de participação.

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Ana Paula foi nomeada membro titular do Comitê em 23 de agosto de 2024, quando o grupo foi criado com a finalidade de “desenvolvimento profissional e técnico-científico dos servidores da PCMG”, além de defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos.

Como foi o crime

O prestador de serviços da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) trabalhava, junto com outras quatro pessoas, na Rua Modestina de Souza, por volta das 8h55, quando a motorista do caminhão, uma mulher de 42 anos, parou e encostou o veículo para que uma fila de dez carros pudessem passar. A via de mão dupla, segundo relato de testemunhas, fica próximo da Avenida Tereza Cristina. Em determinado momento, o último veículo, identificou um carro, modelo BYD da cor cinza, teria enfrentado dificuldades para passar pelo caminhão e, por isso, a motorista e um dos garis teriam indicado ao motorista que o espaço seria suficiente.

Em seu depoimento à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a condutora do caminhão de coleta, identificada como Eledias Aparecida Rodrigues, afirmou que enquanto recebia as instruções dos funcionários, o motorista do BYD pegou uma arma preta, fez movimento para engatilhar a arma e apontando para ela disse: “Se você esbarrar no meu carro eu vou dar um tiro na sua cara, duvida?”.

Diante das ameaças feitas à colega, uma segunda testemunha afirmou que os demais trabalhadores tentaram acalmar o suspeito e pediram que ele seguisse seu caminho. Mesmo assim, segundo o boletim de ocorrência, o homem desembarcou com a arma em punho, deixando o carregador cair. Ele então o recolocou, manobrou a arma e efetuou um disparo em direção à vítima. Laudemir chegou a ser socorrido e encaminhado para o Hospital Santa Rita, no Bairro Jardim Industrial, em Contagem, mas faleceu.

Imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que o gari saiu correndo já ferido. Na gravação é possível ver o momento que o carro que seria do investigado, vira na rua em que o caminhão de coleta estava parado. O veículo então para por um segundo, segue em frente e os demais que estavam atrás passam a dar ré e sair da via. Na sequência, dois garis saem correndo e um deles coloca a mão na região do abdômen e cai no chão. Ele é amparado por um colega que segura sua cabeça.

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CM
postado em 29/08/2025 18:20
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