
O virologista Amilcar Tanuri, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos nomes mais respeitados da ciência brasileira, morreu nesta sexta-feira (26/9), aos 67 anos, no Hospital Barra D'Or, na Zona Sudoeste do Rio. A causa da morte foi uma complicação cardíaca decorrente ao tratamento de diálise, segundo confirmou a UFRJ.
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Formado em Medicina pela própria instituição em 1982, Tanuri dedicou a vida à virologia. Realizou mestrado em Biofísica e doutorado em Genética na UFRJ, especialização em Genética Molecular pela Universidade de Sussex, na Inglaterra, e pós-doutorado no Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos.
Em 1991, ingressou como docente na UFRJ, tornando-se professor titular em 2011. Ao longo da carreira, foi consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS), integrou projetos internacionais de cooperação na África e coordenou pesquisas pioneiras sobre resistência do HIV a antirretrovirais. Também atuou em estudos genômicos de arboviroses, como zika, e de coronavírus.
Durante a pandemia de covid-19, Tanuri foi uma das vozes mais ativas no Brasil. Ele liderou pesquisas em diagnóstico molecular e vigilância genômica, integrou o Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento à Covid-19 da UFRJ e tornou-se o primeiro servidor da universidade a ser vacinado contra a doença. Sua atuação buscava compreender a resposta imune dos pacientes brasileiros e desenvolver estratégias para tornar a imunização mais segura e duradoura.
O pesquisador deixou mais de 300 trabalhos publicados, milhares de citações acadêmicas e a formação de gerações de cientistas. Era membro da Academia Brasileira de Ciências e recebeu o título de Comendador da Ordem do Mérito Científico Nacional.
Tanuri era casado com Andrea Tavares e tinha dois filhos, Luiza e João.
Pesar
A UFRJ publicou uma nota destacando a humildade e dedicação do prodessor. "Para amigos, colegas e alunos, o professor era sinônimo de humildade e simplicidade, uma pessoa que dedicou sua vida à produção de conhecimento voltado à melhora da saúde pública no Brasil, dedicando-se a levar para o SUS a tecnologia de ponta criada na Universidade. Amilcar sonhou, concretizou e ensinou aqueles que conviveram com ele a sonharem juntos, o sonho de fazer melhor e de fazer mais pelo povo e pela ciência do nosso país."
O Instituto Nacional de Infectolofia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) também manifestou pesar, ressaltando a parceria história com o virologista. "A longa história de parceria e colaborações de Amílcar com Bio-Manguinhos começou na década de 1980, com os ensaios de HIV, que prosseguiram na década de 1990, e foi fortalecida a partir dos anos 2000, quando o Ministério da Saúde pediu o desenvolvimento do kit NAT-brasileiro, visando ampliar a segurança transfusional no país”, escreveu.
Já a Decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ lembrou sua contribuição na luta contra epidemias. “Tanuri foi um pesquisador de destaque em Genética Molecular e Virologia, com pesquisas de referência em zika e outras arboviroses, HIV e coronavírus, tendo grande atuação no combate a epidemias”, disse a nota.
"A participação do professor Tanuri na época da pandemia da covid-19 foi fundamental para que conseguíssemos passar por aquele momento, apesar de todas as perdas. Perdemos hoje um grande cientista, perdemos hoje um grande amigo e uma grande referência. Seguiremos em frente lembrando do papel que Amilcar teve neste mundo em que estamos juntos. É um momento muito triste, mas é também um momento que nos mostra a importância de seguirmos em frente e continuarmos lutando", completou o decano Luiz Eurico Nasciutti.
Velório
O corpo de Amilcar Tanuri será velado neste sábado (27), das 10h às 14h, no Átrio do Palácio Universitário, no campus da Praia Vermelha. O sepultamento ocorrerá em seguida, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio.
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