Conferência do Clima

Marcha contra petróleo leva multidão às ruas de Belém

Uma grande manifestação reuniu cerca de 70 mil pessoas na capital paraense, fechando a primeira semana de negociações da COP30

Na maior manifestação popular da Conferência do Clima, milhares de pessoas participaram da Marcha dos Povos pelo fim do uso de combustíveis fósseis. Falta uma semana para que os países construam consensos -  (crédito: Pablo Porciúncula/AFP)
Na maior manifestação popular da Conferência do Clima, milhares de pessoas participaram da Marcha dos Povos pelo fim do uso de combustíveis fósseis. Falta uma semana para que os países construam consensos - (crédito: Pablo Porciúncula/AFP)

A Marcha da Cúpula dos Povos, com a participação das ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), é a maior mobilização popular da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30) até agora. Para a organização da Cúpula dos Povos, a marcha reuniu cerca de 70 mil manifestantes, na maior mobilização popular da COP30 até agora. O objetivo foi cobrar dos países um roteiro para substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia limpa.

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Além de ativistas contra as mudanças climáticas, participaram da caminhada movimentos sociais como a Caravana das Respostas, o Movimento Sem Terra (MST), comunidades extrativistas e quilombolas e lideranças indígenas.

Em discurso aos manifestantes, Marina cobrou que os países desenvolvam uma espécie de "mapa do caminho" para o fim do uso de combustíveis fósseis. Segundo ela, o Brasil é exemplo que pode ser seguido, por ter um roteiro rumo ao desmatamento zero.

"O Brasil é o único país do mundo que já tem o mapa do caminho para o fim do desmatamento. Já reduziu o desmatamento na Amazônia em 50%. Comparado com o ano passado, os incêndios diminuíram 80% na Amazônia, 90% no Pantanal e, no cerrado, 48%. Mas ainda não é suficiente. Nosso compromisso é o desmatamento zero", discursou.

Sônia Guajajara, por sua vez, destacou o fato de as atenções mundiais estarem em Belém para cobrar um entendimento e uma postura da ONU em relação às demandas expressas na manifestação da Cúpula dos Povos.

"Todo o mundo está em Belém ou está de olho em Belém. Chegou a vez da Amazônia falar para o mundo, chegou a vez de encontrarmos o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pampa, o Pantanal e a Caatinga, que estão igualmente sendo destruídas. É por isso que aqui (nas ruas) se torna a Zona Azul da COP30, onde se encontram os guardiões e as guardiãs da vida", disse a ministra, ao relacionar a manifestação de ontem com a Blue Zone, área oficial da conferência, onde autoridades e negociadores debatem os temas que serão objeto de decisões conjuntas.

Enquanto as ministras Marina Silva e Sônia Guajajara discursavam sob um trio elétrico, durante a marcha da Cúpula dos Povos, manifestantes exibiam bandeiras e cartazes contra projetos brasileiros como a exploração de petróleo na Margem Equatorial, a construção da ferrovia Ferrogrão e o decreto federal que abriu caminho para usinas hidrelétricas nos rios Tapajós, Madeira e Tocantins.

O deputado federal Tulio Gadelha (Rede-PE) levantou a bandeira do financiamento climático e criticou países mais ricos. "As pessoas vulnerabilizadas do Sul global são as que sofrem com o aumento da temperatura na Terra. Por isso, a gente precisa fazer com que os países do Norte global paguem a conta", disse o parlamentar.

Equidade de gênero

Com participações de nomes como a ministra Maria Elizabeth Rocha, do Superior Tribunal Militar (STM), além da atriz e ativista Luiza Brunet e a liderança indígena Luciene Kayabi, a Bancada Feminina na COP30 lançou, ontem, um documento em que reivindica participação "efetiva" e "reparação histórica" das mulheres na agenda climática mundial. O manifesto trata a emergência do clima como uma questão de justiça social e combate às desigualdades de gênero.

Coordenado pelo Grupo Mulheres do Brasil em parceria com organizações como o Instituto AzMina, Elas no Poder e o Instituto Latino-Americano de Governança e Compliance Público (IGCP), o texto estabelece metas para reverter a exclusão feminina dos espaços de poder nas discussões ambientais.

Entre as principais demandas está a destinação de, no mínimo, 20% dos recursos de financiamento climático para projetos liderados por mulheres. A carta propõe ainda a criação do Fundo "Mulheres Guardiãs dos Biomas" e a implantação de cotas femininas em todos os espaços de decisão, especialmente nos cargos políticos relacionados ao meio ambiente.

Em jogo

A Marcha dos Povos marcou o fim da primeira semana da COP30, em Belém. Nos últimos sete dias, negociadores elaboraram textos que serão submetidos, ao longo desta semana, a representantes do alto escalão de governo dos 194 países presentes na conferência para o fechamento de consensos e acordos finais.

 

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postado em 16/11/2025 03:55
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