VIOLÊNCIA

Servidoras vítimas de atirador em Cefet do RJ são sepultadas

Allane de Souza Pedrotti e Layse Costa Pinheiro foram mortas a tiros na sexta-feira (28/11) por um colega com histórico de perseguição a servidoras

Vítimas foram mortas a tiros pelo assassino, também servidor do local. Segundo relatos, ele já havia sido afastado por questões psiquiátricas e perseguia colegas mulheres -  (crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil)
Vítimas foram mortas a tiros pelo assassino, também servidor do local. Segundo relatos, ele já havia sido afastado por questões psiquiátricas e perseguia colegas mulheres - (crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil)

As duas servidoras do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet) do Rio de Janeiro mortas em um ataque à instituição foram sepultadas, ontem, na capital fluminense, sob grande comoção. Em decorrência dos assassinatos, o Cefet declarou cinco dias de luto oficial a partir de hoje, até sexta-feira. No período, as atividades administrativas ocorrerão de forma remota.

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Allane de Souza Pedrotti foi velada na capela 5 do Cemitério Jardim da Saudade, e Layse Costa Pinheiro, na capela Real Grandeza, no Cemitério São João Batista.

Ambas foram mortas na sexta-feira pelo também servidor João Antonio Miranda Tello, de 47 anos, encontrado morto no local, segundo a Polícia Militar o Rio de Janeiro (PMRJ). Segundo relatos, ele chegou ao Cefet pela manhã. À tarde, entrou na Diretoria de Ensino e disparou contra as duas funcionárias.

Após os tiros, a instituição foi evacuada, e a PMRJ e o Corpo de Bombeiros prestaram os primeiros atendimentos ao chegar. As duas vítimas foram levadas ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, mas não resistiram. Após buscas, bombeiros encontraram o corpo do atirador em outra sala do Cefet, ao lado de uma pistola.

Em suas redes sociais, Alline Algaravia, irmã de Allane, afirmou que está "destruída e à base de medicação" após a tragédia. "A minha irmã era uma pessoa cheia de sonhos, batalhadora e trabalhadora", lamentou Alline.

Allane era professora, chefe da equipe pedagógica e acadêmica da Direção de Ensino, formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora em Letras pela PUC-RJ. Ela também trabalhava como cantora e compositora.

Já Layse era psicóloga formada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), com pós-graduação em Gestão de Pessoas, e atuava como servidora do Cefet desde 2017.

Perseguição a colegas

Ao jornal O Globo, um amigo da vítima relatou que ela evitava o assassino por medo. Ele tinha acumulado conflitos internos, perseguindo colegas mulheres e já havia sido afastado por problemas psicológicos. Allane chegou a passar meses em home office para não trabalhar na mesma sala que ele após sua readmissão. Depois, foi transferido de departamento para ficar longe das servidoras que perseguia.

O atirador foi afastado por 60 dias por não aceitar ser chefiado por uma mulher, Allane, e demonstrava vontade de retornar ao local onde trabalhava, junto com as vítimas. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios.

"Ela tinha objetivos e não queria nada imediato. Ia trabalhando passo a passo para chegar onde queria. O sonho dela era ser professora universitária. Mesmo depois do doutorado, cursava Letras porque queria fazer tudo do jeito certo", contou o amigo. Ele disse também que o assassino demonstrava um padrão de hostilidade com mulheres em cargos superiores, enquanto "abaixava" em embate com homens.

Em nota, o Cefet do Rio de Janeiro disse que "lamenta profundamente" o atentado, e decretou o período de luto.

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postado em 01/12/2025 03:55
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